sábado, 24 de abril de 2010

Será que Deus se agrada de nos ver sofrer?

TRÔPEGO sob o peso de uma grande cruz de madeira, um homem avança aos tropeções pela multidão, com sangue escorrendo de uma coroa de espinhos fincada na cabeça. Chegando ao local da “execução”, ele é esticado por sobre a cruz; grandes pregos são cravados em suas mãos. Ele se contorce de dor quando os pregos perfuram a sua carne. No momento em que a cruz é erguida, a dor se torna excruciante. Segundo a revista filipina Panorama, rituais dolorosos como este são realizados regularmente durante as celebrações da Semana Santa, nas Filipinas.

O que se acabou de descrever é uma representação moderna dos sofrimentos de Jesus. Mas esse homem não está apenas representando. Os pregos, o sangue e a dor são bem reais.

Em outros lugares, católico-romanos devotos podem ser vistos se autoflagelando publicamente no desejo de passar pelos sofrimentos de Cristo. Por quê? Alguns fazem isso por crerem que seus sofrimentos trarão milagres, como a cura de entes queridos doentes. Outros, para expiar pecados pelos quais temem que não haja perdão a menos que seu próprio sangue seja derramado. O livro The Filipinos explica: “A dor é boa para purificar a mente e a alma. . . . A idéia é que ao experimentar a dor o pecador se purifique de pecados e se alivie de fardos.”

A dor auto-inflingida, porém, de modo algum se limita aos católicos das Filipinas. Pessoas de várias religiões e países acreditam que os sofrimentos auto-impostos têm algum mérito diante de Deus.

Por exemplo, em sua busca da verdade, o Buda, Sidarta Gautama, abandonou esposa e filho e fugiu para o deserto, onde por seis anos viveu como asceta. Ele ficava em posições incômodas e dolorosas durante horas e mais tarde afirmou ter passado longos períodos comendo apenas um grão de arroz por dia, ficando tão magro que disse: “A pele da minha barriga chegou a grudar na minha coluna vertebral.” Mas nenhum grau de tortura auto-inflingida pôde dar-lhe a iluminação que ele procurava.

Também, os faquires hindus da Índia submetiam-se a várias penitências, às vezes extremamente rigorosas: deitar-se entre chamas, olhar fixamente para o sol até ficarem cegos, ficar parados apoiados em uma só perna ou em outras posições incômodas por longos períodos. As pessoas achavam que a virtude de certos ascetas era tão grande que poderia até proteger uma cidade de um ataque inimigo.

Similarmente, a Bíblia fala dos adoradores de Baal, que se cortavam “com punhais e com lanças, segundo o seu costume, até derramarem sangue sobre si” na vã tentativa de chamar a atenção de seu deus. — 1 Reis 18:28.

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