sexta-feira, 23 de abril de 2010

Devem os sacerdotes ficar livres para se casar?

OUTRA questão que divide os clérigos católicos é: Devem os sacerdotes ficar livres para se casar?

A lei da Igreja proíbe que o sacerdote se case. Deve permanecer celibatário. Se o sacerdote se casa sem dispensa de seus votos, deve ser excomungado.

Mas, nos anos recentes, muitos sacerdotes exigiram uma mudança. Desejavam ter direito a se casar e permanecer sendo sacerdotes. Em 1966, uma enquête feita pelo National Catholic Reporter revelou que 62 por cento dos sacerdotes interrogados afirmaram que deviam ser livres para se casar.

No entanto, em 1967, o Papa Paulo VI sancionou sua encíclica Sacerdotalis Caelibatus (Celibato Sacerdotal). Reafirmava a ‘linha dura’ da Igreja nesta questão e desaprovava a discussão pública da mesma. O papa declarou: “O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor.”

Mas, isto não impediu os sacerdotes de falar de público sobre o problema. Por todo o mundo, continuaram a apresentar objeções.

Por exemplo, em princípios de 1969, uma notícia de Paris, publicada pelo Herald de Melbourne, Austrália, declarava: “Um grupo de 425 sacerdotes católicos franceses hoje condenou a autoridade da igreja, e exigiu o direito de se casar.” Mais tarde, no ano, uma enquête dos sacerdotes na Itália mostrou que a maioria favorecia que os sacerdotes se casassem.

O Cardeal John Wright, católico-romanos, de Pittsburgh, EUA, disse que a posição firme da Igreja sobre o celibato era um dos principais fatores da queda do número de sacerdotes católicos. Dando peso a tal opinião, o Times de Nova Iorque observou que o número dos que agora solicitavam dispensa de seu voto celibatário “era mais de 10 vezes superior ao de 1963, segundo um relatório secreto do Vaticano, revelado hoje pelo jornal La Stampa, de Turim”. Outros não solicitaram dispensa. Simplesmente abandonaram tudo.

Influenciados também são os jovens que pensavam em se tornar sacerdotes. O escritor católico Daniel Callahan afirma:

“Uma destas novas circunstâncias é uma redução recente e acelerada do número dos candidatos ao sacerdócio . . . Embora tal redução não seja de forma alguma exclusivamente oriunda da questão do celibato, é uma razão comum fornecida pelos rapazes para não seguirem o sacerdócio.

“A situação já é aguda em algumas partes do mundo. Durante o Segundo Concílio do Vaticano, certo bispo brasileiro, Peter Koop, declarou: ‘Temos de fazer uma escolha agora mesmo; ou multiplicar o número de sacerdotes, tanto celibatários como casados, ou aguardar o colapso da igreja na América Latina.’”

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