quinta-feira, 29 de abril de 2010

AMIGOS DO MUNDO OU AMIGOS DE DEUS?

Jesus disse aos seus discípulos: “Se vós fizésseis parte do mundo, o mundo estaria afeiçoado ao que é seu. Agora, porque não fazeis parte do mundo, mas eu vos escolhi do mundo, por esta razão o mundo vos odeia. . . . Se me perseguiram a mim, perseguirão também a vós.” (João 15:19, 20) A verdade simples é que a única maneira de se ter a amizade do mundo é tornar-se igual a ele, compartilhar seus desejos, suas ambições e seus preconceitos, admirando seu modo de pensar e suas filosofias e adotando suas práticas e modos de agir. Mas os apoiadores deste mundo não gostam que se exponham os erros deles ou que sejam avisados a respeito dos perigos a que tal proceder leva. Este é o motivo pelo qual, quando se segue a Bíblia, quando se apóia seus ensinos quanto à conduta e à maneira de vida, bem como quando se fala a favor dela, simplesmente não se pode escapar do ódio do mundo. — João 17:14; 2 Timóteo 3:12.
Portanto, a Bíblia mostra que temos uma escolha clara. Lemos em Tiago 4:4: “Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Portanto, todo aquele que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Deus também tem suas normas de amizade e estas não estão em harmonia com as do mundo da humanidade pecadora. — Salmo 15:1-5 (14:1-5, ver. cat.).
Termos a amizade de Deus, que resulta na sobrevivência para a sua nova ordem, depende de muito mais do que pertencermos ou não a certas organizações deste mundo. Se evidenciarmos o espírito do mundo, se compartilharmos do seu ponto de vista mundano quanto à vida, então nos identificaremos como amigos do mundo, e não de Deus. O espírito do mundo produz as “obras da carne”, coisas tais como “fornicação, impureza, conduta desenfreada, idolatria, prática de espiritismo, inimizades, rixa, ciúme, acessos de ira, contendas, divisões, seitas, invejas, bebedeiras, festanças e coisas semelhantes a estas”. A Bíblia diz claramente que “os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus”. Exatamente ao contrário, se formos amigos de Deus teremos o seu espírito junto com os frutos de “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura, autodomínio”. — Gálatas 5:19-23.
Então, o espírito de quem refletimos nós? Isto nos ajudará a saber os amigos de quem realmente somos. Visto que vivemos neste atual mundo mau, sujeitos às suas influências, não devemos ficar surpresos se acharmos necessário fazer mudanças na nossa vida, a fim de agradar a Deus. As pessoas do mundo, por exemplo, honram e glorificam pessoas cujo impulso ambicioso os leva a ter grande riqueza, poder ou fama. As pessoas se amoldam a tais heróis e ídolos mundanos, imitando-os na fala, na conduta, na aparência e na vestimenta. Quer ser identificado como admirador de tais? As consecuções de tais pessoas são exatamente contrárias ao que a Palavra de Deus nos exorta a tomar por objetivo na vida. A Bíblia indica-nos a riqueza espiritual e a força e honra de se servir como representantes e porta-vozes de Deus na terra. (1 Timóteo 6:17-19; 2 Timóteo 1:7, 8; Jeremias 9:23, 24) A propaganda comercial do mundo volta as pessoas para o materialismo. Chegam a crer que a sua felicidade depende só dos bens materiais e dão a estes muito mais importância do que à Palavra de Deus ou às coisas de valor espiritual. Tais bens lhe obterão a amizade do mundo, mas o cortarão da amizade com Deus. O que lhe é de mais importância? O que lhe trará felicidade maior e mais duradoura?
É fácil seguir o modelo do mundo. E por causa de seu mau espírito, os apoiadores deste mundo ressentem-se quando adota um proceder separado. (1 Pedro 4:3, 4) Exercerão pressão sobre sua pessoa para se amoldar a eles, para deixar que a sociedade humana, mundana, o amolde à sua semelhança. A sabedoria do mundo — suas filosofias sobre o que dá bom êxito na vida — serão usadas para controlar seu modo de pensar. Por isso, requer verdadeiro esforço e fé ‘transformar a mente’ para ver as coisas do ponto de vista de Deus e compreender por que ‘a sabedoria deste mundo é tolice aos seus olhos’. (1 Coríntios 1:18-20; 2:14-16; 3:18-20) Por meio do estudo diligente da Palavra de Deus, podemos perceber a sabedoria falsa do mundo, ver os maus resultados que ela já está trazendo e o fim desastroso a que terá de levar. Assim podemos também chegar a reconhecer plenamente a sabedoria do modo de agir de Deus e as bênçãos certas que isto garante.

QUAL É O AMOR CORRETO PARA COM OS DO MUNDO?

Será que ‘não fazer parte do mundo’ significa que é preciso tornar-se ‘odiador da humanidade’? De modo algum. Antes, deve imitar a Deus. Conforme registrado em João 3:16, Jesus Cristo nos diz: “Deus amou tanto o mundo [da humanidade], que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” A benignidade e a compaixão de Deus para com toda espécie de pessoas nos fornecem o exemplo a seguir. — Mateus 5:44-48.
Mas não nos diz o apóstolo João: “Não estejais amando nem o mundo, nem as coisas no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”? Se Deus amou o mundo, então por que é que o apóstolo diz isso? — 1 João 2:15.
A Bíblia mostra que Deus amou o mundo da humanidade simplesmente como humanos, pessoas num estado imperfeito e moribundo, desesperadas em necessidade de ajuda, quer reconhecessem isso, quer não. Mas ele não amou as qualidades ímpias que tinham e que se manifestavam em desejos errados. Ele não amou os atos ímpios que praticavam. O apóstolo João advertiu contra o amor aos desejos errados e aos atos errados do mundo da humanidade, dizendo: “Porque tudo o que há no mundo — o desejo da carne, e o desejo dos olhos, e a ostentação dos meios de vida da pessoa — não se origina do Pai, mas origina-se do mundo. Outrossim, o mundo está passando, e assim também o seu desejo, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” — 1 João 2:15-17.
Sim, tais desejos da carne e dos olhos, e o desejo de enaltecimento pessoal, ‘originam-se do mundo’ — foram criados pelos primeiros pais da humanidade e os levaram a um proceder de rebelião. (Gênesis 3:1-6, 17) O desejo errado os induziu a procurar ser independentes de Deus, para que pudessem seguir interesses egoístas, em desacordo com a vontade dele. Seguirem estes desejos egoístas levou-os a violar a lei de Deus.
Veja o que pode observar em sua volta, em nosso tempo. Não desenvolvem a maioria das pessoas atualmente sua vida em torno dos desejos da carne e dos olhos, e da “ostentação dos meios de vida da pessoa”? Não são estas as coisas que formulam as esperanças e os interesses da grande maioria da humanidade, governando seu modo de agir e seus tratos com outros? Sim, e isto os levou a violar as leis de Deus. Por causa disso, a história da humanidade é um longo registro de desunião e de guerra, de imoralidade e de crime, de ganância comercial e de opressão, e de ambição orgulhosa e empenho por fama e poder.
Podemos assim ver a diferença entre amar o mundo assim como Deus amou e amar seus desejos e suas práticas erradas, o que o apóstolo condena. O amor de Deus ao mundo da humanidade expressou-se no próprio objetivo de abrir o caminho para que esta se libertasse destes desejos pecadores e de seus maus resultados, inclusive da própria morte. Ele expressou este amor a um grande custo para si mesmo, entregando seu próprio Filho como sacrifício para resgatar a humanidade. Mas, quanto a todo aquele que rejeitar este sacrifício e continuar deliberadamente desobediente, a Bíblia diz que “o furor de Deus permanece sobre ele”. — João 3:16, 36; Romanos 5:6-8.
Que dizer, então, de nós? Amamos as pessoas do mundo por causa do interesse sincero nelas como outros humanos, como pessoas que precisam de ajuda para encontrar o caminho da vida no favor de Deus? Ou amamos as próprias coisas que as refreiam de se tornar servos de Deus — o proceder independente, em que passam a violar as leis de Deus para satisfazer seus interesses carnais egoístas e sua preocupação com a sua própria importância e glória, em vez de as de Deus? Se nos sentirmos atraídos a pessoas e gostarmos de estar com elas por causa destas qualidades más, então amamos o mundo dum modo contra o qual o apóstolo advertiu.
Visto que muitos, nos dias de Jesus, amavam o proceder mau do mundo, evitavam tomar posição firme como discípulos de Jesus. Não queriam perder sua popularidade e sua posição entre as pessoas de seus círculos sociais e religiosos. Amavam o louvor dos homens mais do que a aprovação de Deus. (João 12:42, 43) Alguns faziam obras de caridade e outros atos religiosos — mas principalmente porque queriam ter prestígio perante os homens, sim, perante o mundo da humanidade. (Mateus 6:1-6; 23:5-7; Marcos 12:38-40) Não observa pessoas, mesmo grande número das da cristandade, que mostram a mesma espécie de amor ao proceder errado do mundo atual? Sim, a Bíblia mostra que este não é o proceder que leva à sobrevivência.

É preciso que os que hão de sobreviver ‘não façam parte do mundo’

TODOS nós, humanos, estamos “no mundo”, quer dizer, vivemos no mundo da humanidade. No entanto, Jesus Cristo disse que seus seguidores não devem ‘fazer parte do mundo’. (João 17:11, 14) O que queria dizer com isso? Se esperamos estar entre os que hão de sobreviver para a vida na nova ordem de Deus, teremos de compreender isso.
Primeiro, veja o que ‘não fazer parte do mundo’ não significa. Não significa que nos tenhamos de isolar das pessoas. Não significa vivermos como ermitãos numa caverna ou nos recolhermos a um mosteiro ou outro lugar isolado. Ao contrário, na noite antes da sua morte, Jesus orou a seu Pai a favor de seus discípulos, dizendo: “Solicito-te, não que os tires do mundo, mas que vigies sobre eles por causa do iníquo. Não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo.” — João 17:15, 16.
Em vez de se ocultar das pessoas, os discípulos de Jesus foram ‘enviados ao mundo’ para divulgar a verdade. (João 17:18) Deviam servir como “a luz do mundo”, deixando a luz da verdade brilhar perante os homens, para que estes vissem como a verdade de Deus afeta a vida das pessoas para o bem. — Mateus 5:14-16.
Os cristãos, necessariamente, precisam ter contato com muitas pessoas ao trabalharem para sustentar a si mesmos e sua família e ao proclamarem as boas novas do reino de Deus à humanidade. Portanto, conforme mostra o apóstolo Paulo, não se espera que ‘saiam do mundo’ de modo físico. Não podem inteiramente ‘cessar de ter convivência’ com pessoas do mundo. Mas podem e devem impedir que o proceder errado da maioria da humanidade influa neles e na congregação cristã. — 1 Coríntios 5:9-11.
Portanto, precisam ser semelhantes a Noé e sua família. Nos dias de Noé, “todo mortal corrompera a sua conduta sobre a terra”. (Gênesis 6:12, PIB) Mas Noé e sua família eram diferentes. Por negar-se a participar com os demais da humanidade no seu proceder ímpio e por pregar a justiça, Noé “condenou o mundo”, mostrando que este era inescusável no seu desacordo com a vontade de Deus. (Hebreus 11:7; 2 Pedro 2:5) Este é o motivo pelo qual ele e sua família sobreviveram, quando o dilúvio global acabou com a humanidade ímpia. Eles estavam “no mundo”, mas ao mesmo tempo ‘não faziam parte do mundo’. — Gênesis 6:9-13; 7:1; Mateus 24:38, 39.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Outros Traços da Religião Verdadeira

Se religião é ‘reverência a um poder sobre-humano reconhecido como criador e governante do universo’, certamente a religião verdadeira tem de dirigir a adoração ao único Deus verdadeiro, Deus. Não pode anuviar o entendimento das pessoas sobre Deus ensinando conceitos pagãos tais como um Deus trino, em que o Pai partilha sua onipotência, glória, e eternidade com duas outras pessoas numa misteriosa Trindade. (Deuteronômio 6:4; 1 Coríntios 8:6) Também tem de tornar conhecido o inigualável nome de Deus, , e honrar esse nome, deveras levar o nome de Deus como povo organizado. (Salmo 83:18; Atos 15:14) Nisto seus praticantes têm de seguir o exemplo de Cristo Jesus. (João 17:6) Que povo hoje senão os estudntes da Bíblia cumprem este requisito?
O apóstolo Pedro declarou: “Outrossim, não há salvação em nenhum outro, pois não há outro nome [Jesus Cristo] debaixo do céu, que tenha sido dado entre os homens, pelo qual tenhamos de ser salvos.” (Atos 4:8-12) Portanto, a religião pura que oferecerá sobrevivência para o novo mundo de Deus tem de inspirar fé em Cristo e no valor do sacrifício de resgate. (João 3:16, 36; 17:3; Efésios 1:7) Ademais, tem de ajudar os adoradores verdadeiros a se submeterem a Cristo qual Rei reinante de Deus e ungido Sumo Sacerdote. — Salmo 2:6-8; Filipenses 2:9-11; Hebreus 4:14, 15.
A religião pura tem de basear-se na revelada vontade do único Deus verdadeiro e não em tradições ou filosofias criadas pelo homem. Nada saberíamos sobre Deus e seus propósitos maravilhosos, nem sobre Jesus e o sacrifício de resgate, se não fosse a Bíblia. os estudantes da Bíblia instilam no povo uma inabalável confiança na Bíblia. Além disso, demonstram por meio de sua vida diária que concordam com a declaração do apóstolo Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, . . . a fim de que o homem de Deus seja plenamente competente, completamente equipado para toda boa obra.” — 2 Timóteo 3:16, 17.

“Sem Mancha do Mundo”

O segundo requisito para a religião verdadeira mencionado por Tiago é “manter-se sem mancha do mundo”. Jesus declarou: “Meu reino não faz parte deste mundo”; coerentemente, seus seguidores verdadeiros não fariam “parte do mundo”. (João 15:19; 18:36) Pode-se dizer isto do clero e dos sacerdotes de qualquer religião do mundo? Eles endossam as Nações Unidas. Muitos de seus líderes aceitaram o convite do papa para se reunirem em Assis, na Itália, em outubro de 1986, para unir suas preces em favor do êxito do “Ano Internacional da Paz”, patrocinado pela ONU. Contudo, seus empenhos foram em vão, a julgar pelos milhões que foram mortos nas guerras daquele ano e nos anos desde então. Membros do clero não raro se confraternizam com o partido político dominante, ao passo que traiçoeiramente fazem acordos secretos com a oposição, de modo que, independentemente de quem estiver no poder, este os considerará ‘amigos’. — Tiago 4:4.
8 As Testemunhas de Jeová granjearam a reputação de serem cristãos que se mantêm neutros em assuntos políticos e em conflitos deste mundo. Elas assumem essa posição em todos os continentes e em todas as nações, como é atestado por notícias na imprensa e hodiernos registros históricos em todas as partes do mundo. Elas realmente não têm “mancha do mundo”. Sua religião é “a religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus”. — Tiago 1:27, Almeida.

“Pura e Imaculada” do Ponto de Vista de Deus

As outras duas ocorrências da palavra thre·skeí·a se dão na carta escrita pelo discípulo Tiago, membro do corpo governante da congregação cristã do primeiro século. Ele escreveu: “Se algum homem achar que é adorador formal [“ser religioso”, Almeida], contudo não refrear a sua língua, mas prosseguir enganando seu próprio coração, a forma de adoração [“religião”, Almeida] de tal homem é fútil. A forma de adoração [“religião”, Almeida] que é pura e imaculada do ponto de vista de nosso Deus e Pai é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas na sua tribulação, e manter-se sem mancha do mundo.” — Tiago 1:26, 27.
Sim, atentar à posição de Jeová sobre religião é vital se queremos ter a sua aprovação e sobreviver para o novo mundo que ele prometeu. (2 Pedro 3:13) Tiago mostra que a pessoa talvez se considere verdadeiramente religiosa, não obstante, a sua forma de adoração talvez seja fútil. A palavra grega aqui traduzida “fútil” significa também “ociosa, vazia, infrutífera, inútil, impotente, desprovida de verdade”. Poderia ser assim no caso de alguém que afirmasse ser cristão mas não refreasse a sua língua nem a usasse para glorificar a Deus e edificar outros cristãos. Estaria “enganando seu próprio coração”, e não estaria praticando “a religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus”. (Almeida) O que vale é o ponto de vista de Deus.
Tiago não enumera todas as coisas que Deus exige com relação à adoração pura. Em consonância com o tema geral de sua carta, que é a fé provada por meio de obras e a necessidade de manter-se livre da amizade com o mundo de Satanás, Tiago realça apenas dois requisitos. Um deles é “cuidar dos órfãos e das viúvas na sua tribulação”. Isto envolve o verdadeiro amor cristão. Jeová sempre tem demonstrado preocupação amorosa pelos órfãos e pelas viúvas. (Deuteronômio 10:17, 18; Malaquias 3:5) Uma das primeiras medidas do corpo governante da congregação cristã, do primeiro século, foi em favor de viúvas cristãs. (Atos 6:1-6) O apóstolo Paulo deu instruções detalhadas a respeito de zelar amorosamente pelas viúvas idosas, necessitadas, que se haviam mostrado fiéis ao longo dos anos e que não tinham família que as ajudasse. (1 Timóteo 5:3-16) O hodierno Corpo Governante dos estudantes da Bíblia também tem dado instruções precisas sobre “Como Cuidar dos Pobres”, declarando: “A verdadeira adoração envolve cuidar dos fiéis e leais que talvez necessitem de ajuda material.” (Veja o livro Organizados Para Efetuar o Nosso Ministério, páginas 121-2.) Corpos de anciãos ou cristãos individuais que negligenciassem isso estariam sendo omissos num importante aspecto da forma de adoração que é pura e imaculada do ponto de vista de nosso Deus e Pai.

A Palavra “Religião” na Bíblia

A palavra grega traduzida por “forma de adoração”, ou “religião”, é thre·skeí·a. No A Greek-English Lexicon of the New Testament (Léxico Grego-Inglês do Novo Testamento) esta palavra é definida como “a adoração de Deus, religião, esp[ecialmente] conforme se expressa em ofícios ou cultos religiosos”. O Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento) dá outros detalhes, declarando: “A etimologia é controversial; . . . peritos modernos defendem uma ligação com therap- (‘servir’). . . . Pode-se também notar uma distinção de significado. O bom sentido é ‘zelo religioso’ . . ., ‘adoração de Deus’, ‘religião’. . . . Mas há também um mau sentido, i.e., ‘excesso religioso’, ‘adoração errada’”. Assim, thre·skeí·a pode ser traduzido tanto por “religião” como por “forma de adoração”, boa ou má.
3 Essa palavra aparece apenas quatro vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. O apóstolo Paulo usou-a duas vezes para referir-se à religião falsa. Atos 26:5 registra sua declaração de que, antes de tornar-se cristão, “viv[eu] como fariseu, segundo a seita mais estrita da [sua] forma de adoração [“religião”, Almeida]”. Em sua carta aos colossenses, ele alertou: “Nenhum homem vos prive do prêmio, tendo ele deleite numa humildade fingida e numa forma de adoração dos anjos.” (Colossenses 2:18) Essa adoração de anjos aparentemente era comum na Frígia daqueles dias, mas era uma forma de religião falsa. Curiosamente, ao passo que algumas traduções da Bíblia traduzem thre·skeí·a por “religião”, em Colossenses 2:18, a maioria usa a palavra “adoração”. A Tradução do Novo Mundo traduz uniformemente thre·skeí·a por “forma de adoração”, e uma nota de rodapé na Bíblia com Referências menciona todas as vezes em que a tradução alternativa “religião” é usada nas versões latinas.

Pratiquemos a religião pura para sobrevivermos

‘A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai, é esta: guardar-se incontaminado do mundo.’ — TIAGO 1:27, Almeida.
RELIGIÃO tem sido definida como “expressão da crença e da reverência do homem para com um poder sobre-humano reconhecido como criador e governante do universo”. Quem, então, logicamente tem o direito de determinar a diferença entre religião verdadeira e falsa? Certamente tem de ser Aquele em quem se crê e que é reverenciado, o Criador. Deus delineou claramente em sua Palavra sua posição sobre religião verdadeira e falsa.

O Que Se Torna Evidente

A inabilidade da Igreja de explicar biblicamente sua posição torna evidente um fato importante: A Igreja Católica não baseia seus ensinos no que diz a Palavra de Deus. Antes, alicerçou muitas de suas crenças e práticas em instáveis tradições humanas.
Isto é obviamente verídico com respeito à abstinência de carne na sexta-feira. Pois, procure onde quiser, em parte alguma da Bíblia achará terem sido os cristãos instruídos a deixar de comer carne em qualquer sexta-feira do ano, ou em qualquer outro dia. Não é requisito de Deus. Com efeito, a edição católica da Versão Normal Revisada da Bíblia (em inglês) afirma que ordenar ou mandar “a abstinência dos alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graça” é evidência do desvio da fé. — 1 Tim. 4:1-4.
Assim, muitos buscadores da verdade têm seus olhos abertos para ver que a Igreja Católica não tem aderido estritamente à Palavra de Deus. E estão pensando se qualquer religião que não faz isto é digna de sua confiança e apoio.
Mas, há outras mudanças que também perturbam as pessoas hoje em dia.

O EFEITO SOBRE OS FILHOS

O efeito sobre muitos católicos devotos foi devastador. “Todos estes anos pensei que fosse pecado comer carne”, explicou certa dona de casa na região centro-oeste dos EUA. “Agora, subitamente, fiquei sabendo que não é pecado. É difícil de entender.”
Se for católico, pode entender como certa prática considerada pela Igreja como “pecado mortal” possa subitamente ser aprovada? Se era pecado há cinco anos, por que não é hoje? Muitos católicos não conseguem entender.
Quando se perguntou a certa senhora no Canadá como ela se sentia a respeito das mudanças em sua igreja, replicou: “Não sei. Talvez possa dizer-me. O que irão fazer com todas aquelas pessoas enviadas para o inferno por comerem carne na sexta-feira?”
Não são poucos os católicos que fazem tais perguntas. A mudança no ensino abalou sua confiança na Igreja. Não sentiria a mesma coisa se algo que aprendeu sempre ser vital para a salvação fosse subitamente considerado desnecessário? Não ficaria inclinado a questionar outros ensinos de sua igreja também?
A Igreja Católica, contudo, não mudou completamente sua posição sobre a abstinência de carne na sexta-feira. Até mesmo agora, ainda se requer que os católicos se abstenham de carne na “Sexta-feira Santa”. Também, em alguns lugares, não podem comer carne na sexta-feira durante a época da Quaresma.
Por que, contudo, é considerado errado comer carne na “Sexta-feira Santa”, mas é permissível comê-la nas outras sextas-feiras do ano? Isto deixa pensativas muitas pessoas refletivas.
Muitas pessoas começaram a fazer perguntas no tocante à base de tal ensino, bem como de outros ensinos da Igreja. E o que as deixa especialmente perturbadas é que não recebem respostas satisfatórias.

Deve-se comer carne na sexta-feira?

DURANTE séculos, os católicos se abstiveram de carne nas sextas-feiras. Era uma lei da Igreja. Muitos criam sinceramente que era lei do Deus Onipotente. Mas, agora, isto mudou.
A realidade é que a regra de não se comer carne na sexta-feira se tornou obrigatória apenas há uns 1.100 anos atrás. O Papa Nicolau I (858-867) foi quem a fez vigorar. E quão vital se considerava que os católicos obedecessem a tal regra?
Uma publicação que traz o imprimatur católico, indicando aprovação, declara: “A Igreja Católica diz que é pecado mortal o católico comer carne na sexta-feira ciente e voluntariamente, sem motivo suficiente e grave que desculpasse isso.” Acrescenta: A “Igreja afirma que se o homem morrer impenitente em pecado mortal, irá para o inferno”. — Radio Replies (Respostas Radiofônicas), de Rumble e Carty (1938).
Assim, os devotos evitavam criteriosamente comer carne nas sextas-feiras. Criam sinceramente que deixar de obedecer poderia levar a seu castigo eterno num inferno de fogo.
Mas, então, em princípios de 1966, o Papa Paulo VI autorizou as autoridades eclesiásticas locais a modificar esta regra de abstinência em seus países enforme achassem adequado. O papa agira segundo as recomendações feitas pelo Segundo Concílio do Vaticano, recentemente concluído. Assim, em um país após outro, as sextas-feiras sem carne foram virtualmente abolidas — em França, Canadá, Itália, México, Estados Unidos, e assim por diante.

O Efeito

Toda esta confusão e divisão nas igrejas quanto ao que devem ensinar está produzindo seu efeito. Muitas pessoas agora pensam da mesma forma que o autor britânico Malcolm Muggeridge, que disse:
“O Cristianismo institucional, segundo me parece, acha-se agora em desordem total, e se decompõe visivelmente, ao ponto que, a não ser que haja um milagre, jamais poderá ser ajuntado de novo de forma a ter qualquer semelhança de ordem ou credibilidade.
“Em sua condição atual de decomposição, o Cristianismo institucional é . . . apenas uma piada.”
Muitos membros das igrejas se acham desgostosos com as divisões nas igrejas em tantos ensinos e práticas. Perderam confiança em seus clérigos. De forma que abandonam as igrejas.
Mas, é importante que saiba que as igrejas divididas da cristandade não representam o Cristianismo. Sua própria condição dividida prova isso, pois a Bíblia aconselha aos cristãos verdadeiros a que “todos faleis de acordo, e que não haja entre vós divisões, mas que estejais aptamente unidos na mesma mente e na mesma maneira de pensar. Existe o Cristo dividido?” — 1 Cor. 1:10, 13.
Os verdadeiros cristãos não estão divididos. Mas, as igrejas estão.

Moral Sexual

A maioria dos freqüentadores de igrejas esperam que seus clérigos promovam elevados padrões morais. Mas, os clérigos agora se acham grandemente divididos quanto à moral sexual. Cada vez maior número deles afirmam que a fornicação, o adultério e o homossexualismo não são errados.
Na Inglaterra, o ministro metodista Lord Soper disse: “A idéia de que o sexo se deve limitar ao casamento é ridícula.” O ministro episcopal F. C. Wood falou a uma faculdade só para moças em Maryland, EUA: “Não há leis associadas com o sexo. Repito: absolutamente nenhuma lei. . . . As relações sexuais pré-maritais . . . podem ser muito belas.” E o diretor do Centro Newman, católico-romano, da Universidade Estadual do Arizona, EUA, o sacerdote Thomas Walsh, afirmou:
“Não é nenhuma grande coisa uma moça dizer que é virgem se nunca permitiu ser tocada. Ela consegue isso [permanece virgem] sendo desumana. Eu preferiria uma pessoa que fosse amorosa e extrovertida para com os outros, mesmo que não seja virgem. . . . Não cabe a nós pregar moral.”
Mas, se os homens que professam ser ministros de Deus não hão de pregar a moral, quem o fará? E como considera a decisão de noventa sacerdotes episcopais em Nova Iorque que concordaram que a igreja deve classificar os atos homossexuais como sendo “moralmente neutros”?
Para determinar o que realmente pensa desta nova tendência para aprovar a fornicação, o adultério e o homossexualismo, pergunte a si mesmo: Aprovaria eu que minha filha cometesse fornicação? Aprovaria que minha esposa tivesse relações sexuais com outro homem, ou que meu marido dormisse com outra mulher? Diria a meu filho que não há nada de mal em ele se tornar homossexual?
Também deveria considerar algo ainda mais importante: O que pensa Deus sobre o assunto? Disso, não podemos ter dúvidas. Ele nos diz em sua Palavra: “Não sejais desencaminhados. Nem fornicadores, . . . nem adúlteros, nem homens mantidos para propósitos desnaturais, nem homens que se deitam com homens, . . . herdarão o reino de Deus.” — 1 Cor. 6:9, 10.

Diferenças Doutrinais

Por exemplo, a maioria dos sistemas eclesiásticos aderem oficialmente à doutrina do inferno de fogo. Esta afirma que os pecadores crassos serão atormentados com dor física por toda a eternidade. Deveras, durante o concílio ecumênico, a Igreja Católica reafirmou a realidade do inferno como lugar de castigo eterno para os pecados.
Todavia, cada vez mais sacerdotes e ministros de todas as religiões ensinam coisas diferentes sobre o inferno. Talvez digam que o inferno é apenas um estado mental, ou que é simplesmente a separação de Deus, ou que ‘o inferno é aqui mesmo na terra’, assim contradizendo a crença oficial de sua própria religião. O Pastor Kaj Jensen, da Dinamarca, disse em seu livro Where Do We Go? (Para Onde Vamos?)
“Essa conversa de perdição eterna é loucura. Não é Cristianismo. Foi somente em épocas passadas que havia pregadores do inferno que, do púlpito, trovejava sobre o Diabo e o fogo inextinguível. Mas, essa época já passou.”
Como acha que as pessoas se sentem ao terem criado no ensino de sua igreja sobre o inferno de fogo durante toda a sua vida e então ouvirem tais declarações feitas pelos seus clérigos agora?
Três clérigos presbiterianos da Austrália expressaram de público a descrença na imortalidade da alma humana, embora seu sistema eclesiástico ensine isto. Um dos clérigos, Ian Steer, disse: “O problema é que, até certo ponto, há uma norma dupla. Isto não se limita à Igreja Presbiteriana. Os ministros aprendem uma coisa e às vezes ensinam outra.
Desde a infância, os católicos aprenderam a render obediência total à autoridade da Igreja Católica. Mas, quando se perguntou a 37 sacerdotes, freiras e outros líderes católicos proeminentes na Holanda o que achavam desta obediência à autoridade da Igreja, muitos disseram que não mais poderiam render tal obediência.
Com respeito à autoridade da Igreja, o teólogo católico John L. Mackenzie, sacerdote jesuíta que ensinava na Universidade de Notre Dame, disse expressamente que a Igreja era dirigida por “uma Máfia eclesiástica”. O Daily Star de Toronto, Canadá, acrescentou: “Ele [Mackenzie] chega até a assemelhar a igreja institucional hodierna a um ninho de ratos. ‘E ninguém aprecia ouvir dizer que gastou sua vida num ninho de ratos’, afirma ele”
Os clérigos mais jovens são especialmente francos em contradizer os ensinos de sua igreja.

Ensinos em conflito

ANTIGAMENTE se sabia o que o clérigo ensinava apenas por se saber a sua religião. Ensinava as crenças daquela religião. Mas, isto não se dá mais.
Hoje, em cada sistema eclesiástico da cristandade, os clérigos em boa posição na sua religião estão em discordância. Não só discordam de outros clérigos em sua religião, mas discordam dos ensinos de sua própria religião. Isto inclui crenças doutrinais básicas.

sábado, 24 de abril de 2010

Guerras nos últimos dias

Se você ler Mateus, capítulos 24 e 25, Marcos, capítulo 13, e Lucas, capítulo 21, verá evidências inequívocas de que Jesus estava falando sobre os nossos tempos. Ele predisse uma época de guerras, não só de “guerras e relatos de guerras”, que sempre macularam a história humana, mas de guerras de ‘nação contra nação e reino contra reino’ — de grandes guerras internacionais. — Mateus 24:6-8.

Pense um pouco em como as guerras mudaram no nosso século. Na época em que uma guerra não passava do embate do exército de duas nações adversárias, que no campo de batalha desferiam golpes de sabre ou mesmo atiravam um no outro, isso já era suficientemente terrível. Mas em 1914 irrompeu a Grande Guerra. Nação após nação aderiu à conflagração em efeito-dominó: foi a primeira guerra global. Surgiram armas automáticas para matar um número cada vez maior de pessoas e a distâncias cada vez maiores. A metralhadora disparava balas com uma eficácia de arrepiar; o gás de mostarda queimava, atormentava, mutilava e matava soldados aos milhares; os tanques invadiam impiedosamente as linhas inimigas, fazendo fogo com seus canhões. O avião e o submarino também entraram em ação — mas não eram nada em comparação com o que se tornariam.

A Segunda Guerra Mundial fez o inimaginável. Na verdade, ela eclipsou a primeira, com a morte de milhões e milhões de pessoas. Enormes porta-aviões, cidades flutuantes a bem dizer, navegavam pelos mares lançando aviões de guerra que despejavam do céu a morte sobre os alvos inimigos. Submarinos torpedeavam e afundavam as embarcações inimigas. E bombas atômicas foram lançadas, ceifando a vida de milhares de pessoas em cada ataque! Como Jesus profetizou, não resta dúvida de que tem havido “vistas aterrorizantes” para marcar esta era de guerras. — Lucas 21:11.

Será que há menos guerras desde a Segunda Guerra Mundial? Não. Às vezes, literalmente dezenas e dezenas de guerras são travadas num único ano — até mesmo na década de 90 —, com a morte de milhões de pessoas. E as principais vítimas da guerra já não são as de antes. Os mortos deixaram de ser principalmente soldados. Hoje em dia, a maior parte das baixas numa guerra — aliás, mais de 90% — é de civis.

O fim de Jerusalém

Veja primeiro o que Jesus disse sobre Jerusalém e o templo. Com mais de três décadas de antecedência, ele predisse uma época de terríveis dificuldades para uma das maiores cidades do mundo. Note, em especial, o que ele disse em Lucas 21:20, 21: “Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela, e não entrem nela os que estiverem nos campos.” Se Jerusalém seria cercada, rodeada por exércitos acampados, como é que ‘os que estivessem no meio dela’ simplesmente ‘se retirariam’, como ordenado por Jesus? É óbvio que Jesus estava dando a entender que surgiria uma saída. Surgiu mesmo?

Em 66 EC, os exércitos romanos comandados por Céstio Galo haviam obrigado as forças judaicas rebeldes a voltar para Jerusalém e as haviam encurralado na cidade. Os romanos chegaram a penetrar na cidade, indo até a muralha do templo. Acontece que Céstio Galo mandou que seus exércitos fizessem algo que foi realmente incompreensível. A ordem foi bater em retirada! Eufóricos, os soldados judeus puseram-se a perseguir os inimigos romanos em fuga, causando-lhes perdas. Foi assim que surgiu a saída predita por Jesus. Os genuínos cristãos acataram seu aviso e saíram de Jerusalém. Agiram sabiamente, porque apenas quatro anos depois, os exércitos romanos voltaram, liderados pelo General Tito. Dessa vez não havia possibilidade de escapar.

Os exércitos romanos cercaram Jerusalém novamente e construíram em torno dela uma fortificação de estacas pontiagudas. Jesus profetizara sobre Jerusalém: “Virão sobre ti os dias em que os teus inimigos construirão em volta de ti uma fortificação de estacas pontiagudas e te cercarão, e te afligirão de todos os lados.” (Lucas 19:43) Em pouco tempo Jerusalém caiu; seu templo glorioso foi reduzido a ruínas fumegantes. As palavras de Jesus cumpriram-se em todos os pormenores!

No entanto, Jesus tinha muito mais em mente do que a destruição de Jerusalém. Seus discípulos também lhe haviam perguntado sobre o sinal da sua presença. Eles não sabiam, mas isso se referia a uma época em que ele seria empossado para governar como Rei no céu. O que ele predisse?

Os seguidores de Jesus fazem uma pergunta significativa

Os seguidores de Jesus devem ter ficado abismados. Jesus havia acabado de dizer, com todas as letras, que os impressionantes prédios do templo de Jerusalém seriam destruídos! Uma predição surpreendente. Pouco depois, já sentados no monte das Oliveiras, quatro discípulos perguntaram a Jesus: “Dize-nos: Quando sucederão estas coisas e qual será o sinal da tua presença e da terminação do sistema de coisas?” (Mateus 24:3; Marcos 13:1-4) Quer se tenham dado conta disso, quer não, a resposta de Jesus teria aplicação múltipla.

A destruição do templo de Jerusalém e o fim do sistema judaico não eram a mesma coisa que o tempo da presença de Cristo e a terminação do sistema mundial. No entanto, em sua longa resposta, Jesus habilmente tratou de todos esses aspectos da pergunta. Disse-lhes como seriam as coisas antes da destruição de Jerusalém; disse-lhes também como seria o mundo durante sua presença, época em que estaria governando como Rei no céu e estaria prestes a pôr fim ao sistema mundial.

Estamos mesmo nos últimos dias?

VOCÊ está na proa duma canoa quando ela entra num trecho turbulento dum rio. Você tenta desviar-se dos penedos, que, em meio à névoa e à água agitada pela correnteza, parecem ainda maiores. Quem está atrás de você deveria ajudá-lo a guiar a canoa, mas tem pouca experiência nisso. O pior é que você não tem um mapa e por isso não tem a menor idéia de se essas corredeiras darão numa lagoa serena ou numa queda d’água.

Situação nada agradável, não é mesmo? Então vamos mudá-la. Imagine-se na companhia dum guia experiente, alguém que conhece cada rocha e cada curva desse rio. Ele sabia de antemão que estavam perto da corredeira. Ele sabe também onde ela vai dar e como conduzir a canoa. Não se sentiria bem mais seguro?

Na verdade, todos nós estamos numa situação semelhante. Estamos, sem que isso seja por nossa culpa, num período turbulento da história humana. A maioria não tem a menor idéia de quanto tempo as coisas ainda ficarão assim, se a situação irá melhorar ou como ir levando a vida da melhor maneira possível. Mas não precisamos sentir-nos perdidos ou desvalidos. O Criador nos deu um guia excelente: um guia que predisse esse período negro da história, prediz como será o fim disso e oferece-nos a orientação de que necessitamos para sobreviver. Esse guia é um livro, a Bíblia. Seu Autor, Jeová Deus, chama a si de Grandioso Instrutor. Por meio de Isaías ele diz algo que renova nossa confiança: “Teus próprios ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: ‘Este é o caminho. Andai nele’, caso vades para a direita ou caso vades para a esquerda.” (Isaías 30:20, 21) Acharia bom contar com essa orientação? Então vejamos se a Bíblia realmente predisse como seriam os nossos dias.
Será que Deus se agrada na dor auto-inflingida?

Será que o amoroso Criador deriva qualquer satisfação de observar pessoas torturar a si mesmas? Embora seja verdade que às vezes os cristãos sejam forçados a se tornar “partícipes dos sofrimentos do Cristo”, isso não significa que estejam à procura de tribulações ou do status de mártir. — 1 Pedro 4:13.

Certamente, Jesus de modo algum era asceta. Os líderes religiosos se queixaram de que os discípulos dele não jejuavam, e até mesmo o acusaram de ser “comilão e dado a beber vinho”. (Mateus 9:14; 11:19) Jesus mostrou-se moderado em tudo e não exigia de si ou dos outros mais do que o razoável. — Marcos 6:31; João 4:6.

Em nenhum trecho das Escrituras encontramos qualquer base para o asceticismo, como se negar-nos a nós mesmos as necessidades ou mesmo os confortos da vida granjeasse o favor de Deus. Note as palavras do apóstolo Paulo sobre tais práticas dolorosas: “Estas mesmas coisas, deveras, têm aparência de sabedoria numa forma de adoração imposta a si próprio e em humildade fingida, no tratamento severo do corpo; mas, não são de valor algum em combater a satisfação da carne.” — Colossenses 2:23.

Quando era monge, Martinho Lutero literalmente torturava a si mesmo. Mais tarde, porém, voltou-se contra tais práticas, dizendo que elas encorajavam a idéia de que há duas estradas que levam a Deus, uma superior e outra inferior, ao passo que as Escrituras ensinam que só há um caminho para a salvação: exercer fé em Jesus Cristo e em seu Pai, Jeová. (João 17:3) Rituais dolorosos, por outro lado, eram considerados por alguns como forma de auto-salvação.

O livro Church History in Plain Language (A História da Igreja em Linguagem Clara) comenta a respeito do asceticismo: “Sustentando o inteiro empreendimento havia um conceito errôneo sobre o homem. A alma, dizia o monge, está acorrentada à carne como um prisioneiro a um cadáver. Esse não é o conceito bíblico da vida humana.” Sim, a própria idéia de que a dor auto-inflingida possa agradar a Deus é alheia às Escrituras. Seu fundamento encontra-se na falácia gnóstica de que tudo o que está relacionado com a carne é ruim e deve ser maltratado tanto quanto possível para se ganhar a salvação.

Visto que Deus quer que sejamos felizes, servir a este Deus tão agradável não é questão de tornar-se asceta. (Eclesiastes 7:16) Assim, nenhuma parte das Escrituras nos diz que sofrimentos auto-impostos são o caminho para a salvação. Ao contrário, a Palavra de Deus deixa claro que é o sangue de Cristo, junto com nossa fé nele, que nos purifica de todo o pecado. — Romanos 5:1; 1 João 1:7.

“Tendes de atribular as vossas almas”

Embora seja verdade que Deus ordenou os de sua nação escolhida que ‘atribulassem as suas almas’, em geral isso é entendido como querendo dizer jejum. (Levítico 16:31) Jejuava-se como expressão de tristeza e arrependimento de pecados ou quando se estava numa situação angustiante. Assim, o jejum não era uma forma de punição auto-inflingida, mas representava humilhar-se perante Deus. — Esdras 8:21.

Havia alguns judeus, porém, que pensavam erroneamente que o mero desconforto causado por atribularem a alma tinha mérito e que colocava Deus sob a obrigação de lhes dar algo em troca. Quando não recebiam nada em recompensa, perguntavam presunçosamente a Deus sobre o pagamento que achavam merecer: “Por que razão jejuamos e tu não o viste, e atribulamos a nossa alma e tu não o notavas?” — Isaías 58:3.

Mas eles estavam errados. O jejum religioso correto não envolvia asceticismo, atribular o corpo com fome como se a dor ou o desconforto físicos em si mesmos tivessem qualquer mérito. Fortes emoções podiam diminuir a fome. Com a mente absorta em problemas prementes, o corpo talvez não sinta vontade de comer. Isso indica a Deus os sentimentos profundos de quem jejua.

Será que Deus se agrada de nos ver sofrer?

TRÔPEGO sob o peso de uma grande cruz de madeira, um homem avança aos tropeções pela multidão, com sangue escorrendo de uma coroa de espinhos fincada na cabeça. Chegando ao local da “execução”, ele é esticado por sobre a cruz; grandes pregos são cravados em suas mãos. Ele se contorce de dor quando os pregos perfuram a sua carne. No momento em que a cruz é erguida, a dor se torna excruciante. Segundo a revista filipina Panorama, rituais dolorosos como este são realizados regularmente durante as celebrações da Semana Santa, nas Filipinas.

O que se acabou de descrever é uma representação moderna dos sofrimentos de Jesus. Mas esse homem não está apenas representando. Os pregos, o sangue e a dor são bem reais.

Em outros lugares, católico-romanos devotos podem ser vistos se autoflagelando publicamente no desejo de passar pelos sofrimentos de Cristo. Por quê? Alguns fazem isso por crerem que seus sofrimentos trarão milagres, como a cura de entes queridos doentes. Outros, para expiar pecados pelos quais temem que não haja perdão a menos que seu próprio sangue seja derramado. O livro The Filipinos explica: “A dor é boa para purificar a mente e a alma. . . . A idéia é que ao experimentar a dor o pecador se purifique de pecados e se alivie de fardos.”

A dor auto-inflingida, porém, de modo algum se limita aos católicos das Filipinas. Pessoas de várias religiões e países acreditam que os sofrimentos auto-impostos têm algum mérito diante de Deus.

Por exemplo, em sua busca da verdade, o Buda, Sidarta Gautama, abandonou esposa e filho e fugiu para o deserto, onde por seis anos viveu como asceta. Ele ficava em posições incômodas e dolorosas durante horas e mais tarde afirmou ter passado longos períodos comendo apenas um grão de arroz por dia, ficando tão magro que disse: “A pele da minha barriga chegou a grudar na minha coluna vertebral.” Mas nenhum grau de tortura auto-inflingida pôde dar-lhe a iluminação que ele procurava.

Também, os faquires hindus da Índia submetiam-se a várias penitências, às vezes extremamente rigorosas: deitar-se entre chamas, olhar fixamente para o sol até ficarem cegos, ficar parados apoiados em uma só perna ou em outras posições incômodas por longos períodos. As pessoas achavam que a virtude de certos ascetas era tão grande que poderia até proteger uma cidade de um ataque inimigo.

Similarmente, a Bíblia fala dos adoradores de Baal, que se cortavam “com punhais e com lanças, segundo o seu costume, até derramarem sangue sobre si” na vã tentativa de chamar a atenção de seu deus. — 1 Reis 18:28.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Devem os sacerdotes ficar livres para se casar?

OUTRA questão que divide os clérigos católicos é: Devem os sacerdotes ficar livres para se casar?

A lei da Igreja proíbe que o sacerdote se case. Deve permanecer celibatário. Se o sacerdote se casa sem dispensa de seus votos, deve ser excomungado.

Mas, nos anos recentes, muitos sacerdotes exigiram uma mudança. Desejavam ter direito a se casar e permanecer sendo sacerdotes. Em 1966, uma enquête feita pelo National Catholic Reporter revelou que 62 por cento dos sacerdotes interrogados afirmaram que deviam ser livres para se casar.

No entanto, em 1967, o Papa Paulo VI sancionou sua encíclica Sacerdotalis Caelibatus (Celibato Sacerdotal). Reafirmava a ‘linha dura’ da Igreja nesta questão e desaprovava a discussão pública da mesma. O papa declarou: “O celibato sacerdotal, que a Igreja guarda desde há séculos como brilhante pedra preciosa, conserva todo o seu valor.”

Mas, isto não impediu os sacerdotes de falar de público sobre o problema. Por todo o mundo, continuaram a apresentar objeções.

Por exemplo, em princípios de 1969, uma notícia de Paris, publicada pelo Herald de Melbourne, Austrália, declarava: “Um grupo de 425 sacerdotes católicos franceses hoje condenou a autoridade da igreja, e exigiu o direito de se casar.” Mais tarde, no ano, uma enquête dos sacerdotes na Itália mostrou que a maioria favorecia que os sacerdotes se casassem.

O Cardeal John Wright, católico-romanos, de Pittsburgh, EUA, disse que a posição firme da Igreja sobre o celibato era um dos principais fatores da queda do número de sacerdotes católicos. Dando peso a tal opinião, o Times de Nova Iorque observou que o número dos que agora solicitavam dispensa de seu voto celibatário “era mais de 10 vezes superior ao de 1963, segundo um relatório secreto do Vaticano, revelado hoje pelo jornal La Stampa, de Turim”. Outros não solicitaram dispensa. Simplesmente abandonaram tudo.

Influenciados também são os jovens que pensavam em se tornar sacerdotes. O escritor católico Daniel Callahan afirma:

“Uma destas novas circunstâncias é uma redução recente e acelerada do número dos candidatos ao sacerdócio . . . Embora tal redução não seja de forma alguma exclusivamente oriunda da questão do celibato, é uma razão comum fornecida pelos rapazes para não seguirem o sacerdócio.

“A situação já é aguda em algumas partes do mundo. Durante o Segundo Concílio do Vaticano, certo bispo brasileiro, Peter Koop, declarou: ‘Temos de fazer uma escolha agora mesmo; ou multiplicar o número de sacerdotes, tanto celibatários como casados, ou aguardar o colapso da igreja na América Latina.’”

Temor do Homem, e não Temor de Deus

Mas, em última análise, deve-se dizer que os bispos confirmaram a regra do celibato por temerem ao homem, e não a Deus. E “temer ao homem é lançar-se em armadilha”. (Pro. 29:25) Caso os bispos temessem a Deus, ter-se-iam deixado guiar pela Palavra de Deus. Sob o arranjo da lei mosaica, não só os sacerdotes podiam casar-se, mas tinham de casar-se para impedir que o sacerdócio desaparecesse, sendo instituição hereditária. E, entre os profetas, apenas a Jeremias se ordenou que não se casasse, que vivesse uma vida celibatária, e seu caso era especial. Deveria ser um sinal do fim funesto que aguardava sua nação. — Lev. 21:1, 7, 13, 14; Jer. 16:2-4.

E, quando chegamos às Escrituras Gregas Cristãs, o que encontramos? Na verdade, Jesus declarou que ficar solteiro por causa do reino de Deus era o estado ideal, mas, ao mesmo tempo, lançou fora todas as idéias de uma ordem de celibato baseada em votos de virgindade por afirmar: “Nem todos compreendem esta doutrina, mas só aqueles aos quais foi concedido. . . . Quem for capaz de compreender, compreenda.” — Mat. 19:10-12.

Ainda mais explícitas são as palavras do apóstolo Paulo: “É bom para o homem não ter relações com mulher. Todavia; a fim de prevenir toda a impudicícia, tenha cada um a sua mulher, e cada mulher tenha o seu marido. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que será conveniente para eles que fiquem como eu. Mas, se não conseguirem conter-se, que se casem; pois é melhor casar-se que abrasar-se.” — 1 Cor. 7:1, 2, 8, 9.

Há também as palavras inspiradas de Hebreus 13:4: “Que o matrimônio seja honrado em todas as famílias, e o leito conjugal sem mácula, porque os impudicos e os adúlteros, julgá-los-á Deus.” É óbvio que tais palavras não dão margem à idéia de que o casamento ‘contaminaria’ o ministro de Deus, como certo bispo se expressou!

Efetivamente, muito embora Jesus indicasse que o estado ideal para o ministério cristão era o de solteiro, o casamento parece ter sido a regra geral entre os apóstolos, pois o apóstolo Paulo escreveu: “Não temos o direito de levar conosco uma senhora, irmã, [casar-nos com uma mulher crente, The New American Bible] como fazem os outros apóstolos, inclusive os irmãos do Senhor e Cefas?” Sim, é muito provável que todos os apóstolos tenham sido casados, excetuando-se Paulo. — 1 Cor. 9:5.

E, não só as Escrituras Gregas Cristãs, por preceito e por exemplo, fazem provisão para o casamento dos ministros cristãos, mas também indicam que um dos sinais da apostasia é proibir o casamento: “O Espírito diz expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, para aderirem a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas; seduzidos pela hipocrisia de impostores, ferreteados a fogo na sua consciência, eles proibirão o matrimônio. — 1 Tim. 4:1-3.

É deveras digno de nota que se pode procurar em vão as referências bíblicas entre os relatórios tanto católicos como acatólicos sobre os debates do sínodo quanto ao celibato opcional e a ordenação de homens casados em situações especiais. Isto poderia bem ter acontecido por não haver teólogos presentes. Admitiu o teólogo suíço Hans Küng que não há nada nas Escrituras que torne o celibato uma regra: “Compreendemos cada vez mais que estamos em contradição com a liberdade que nos é dada pelo Novo Testamento. Temos nós o direito de fazer disto uma lei universal’ Não é isto o que Jesus desejava.” — The Auckland Star, 22 de setembro de 1971.

Vai continuar aderindo a uma religião que advoga ensinos tão óbvia e admitidamente contrários à Palavra de Deus? Esta é uma questão de séria preocupação para todos os católicos que deveras desejam agradar a seu Criador.

Confirmado o Celibato — Por Quê?

Mas, no fim, os bispos por grande maioria votaram contra o celibato opcional. Sua atitude foi que o declínio em 40 por cento das inscrições nos seminários e o número cada vez maior de sacerdotes desistentes — 11.000 saíram entre 1963 e 1969 — não se devia à regra do celibato. Antes, sustentaram que isto se devia a uma crise de fé por parte dos sacerdotes; que, afinal de contas, apenas uma minoria de sacerdotes estavam envolvidos e que sua perda de fé era atribuível a fatores externos tais como a TV, jornais e revistas.

Especialmente influentes em fazer com que os bispos votassem contra as exceções em casos especiais foram os argumentos do Cardeal Conway, da Irlanda. Insistiu que não poderiam permitir que os sacerdotes se casassem em um país europeu e não em outro; que não podiam permitir tal coisa em terras distantes e não a permitir na Europa também. Avisou mais que permitir qualquer brecha no celibato resultaria em sua inteira destruição. Também avisou que era necessário por fim em quaisquer esperanças nutridas por sacerdotes ou seminaristas de que talvez o celibato se tornasse opcional.

Comentando este aspecto da discussão do sínodo, certo editor católico declarou: “O Sínodo não foi aprovado no teste. Não . . . por ter . . . fechado praticamente a porta para a ordenação de homens casados, mas por causa do incrivelmente baixo nível de seus argumentos. coram dominados por suspeita e temor: temor das conseqüências, . . . temor até mesmo de que a santidade do sacerdócio fosse ‘contaminada’ pelo casamento, como certo bispo se expressou.”

A regra: do celibato foi confirmada também porque os bispos, de modo geral, mostraram completa falta de empatia para com os sacerdotes que serviam sob eles; a espécie de empatia que o Bispo Gran, de Oslo, demonstrou. O fato de que 72 por cento deles tinham mais de cinqüenta anos talvez tenha algo que ver com isso. E também não tiveram simpatia, piedade, compaixão para com os milhões de católicos para os quais só há um sacerdote para cada 4.000 pessoas. Muito distantes de seus corações estavam os sentimentos de Cristo Jesus, que instou a seus seguidores para orarem em prol de mais trabalhadores para o campo de colheita, devido à triste sorte de seu povo. — Mat. 9:36-38.

O Papa Paulo não deixara dúvidas nas mentes de seus bispos de qual era sua posição sobre o celibato. Ademais, compareceu regularmente às, reuniões e, nas suas conferências semanais à imprensa, deu a entender como se sentia sobre o que ocorria no sínodo. E, quando surgiu a ocasião de se votar, embora vários bispos destacados desejassem que o voto fosse anônimo, o papa insistiu que queria saber como cada um votou.

Exatamente por que o papa se apega tão tenazmente ao celibato sacerdotal? Será porque ‘é a pedra mais linda da coroa sacerdotal’, colocando os sacerdotes acima do homem comum? Será porque é mais econômico e conveniente tratar com homens solteiros do que com homens com família? Ou será porque resulta em sempre trazer sangue novo ao sacerdócio? É possível; é possível.

Vozes Opostas ao Celibato

Aparentemente, o “escândalo” do celibato não pareceu muito importante nas mentes dos bispos, pois apenas 10 deles votaram a favor do celibato opcional, 168 votaram a favor de se manter a regra do celibato, 21 votaram a favor dela com reservas, e 3 se abstiveram. Em outra votação, porém, mais da metade dos que não residem no Vaticano votaram a favor de se permitir a ordenação de homens casados em circunstâncias especiais. No todo, foram os bispos do que é conhecido como o “Terceiro Mundo”, isto é, a América Latina, a África e a Ásia, que desejavam que fossem ordenados homens casados. Em tais países há 4.000 católieos-romanos para cada sacerdote, ao passo que na Europa e nos EUA há quatro vezes mais sacerdotes, proporcionalmente, um sacerdote para cada 1.000 pessoas.

Entre as vozes ouvidas que se opunham a fazer vigorar inflexivelmente a regra do celibato, encontravam-se as seguintes:

“O que é melhor — pregar o Evangelho com a ajuda de sacerdotes casados, ou não pregá-lo de forma alguma?” — Cardeal Alfrink, primaz da Holanda. “Nós, bispos, não só temos o poder de ordenar, temos o dever de ordenar sacerdotes em números suficientes para satisfazer as necessidades do Povo de Deus.” — Cardeal Suenens, da Bélgica.

“Seria perigoso ficar tão preocupados com a atual disciplina do celibato que nos arriscássemos a corroer a própria natureza do sacerdócio antes que admitir homens casados nas Santas Ordens.” — Bispo Alexander Carter, de Sault Ste. Marie, Canadá.

“Não devia o sínodo considerar o direito das comunidades cristãs de terem sacerdotes, ao invés de exaltar a adequabilidade do celibato para o sacerdócio” — Bispo Samuel Lonis Gaumain, do Chade, África Central.

John Gran, Bispo de Oslo, Noruega, argumentou que o celibato devia tornar-se opcional tanto por razões humanas como morais. Disse que muitos sacerdotes vivem “numa solidão que dá pena, acima de tudo, no caso dos jovens”. Indicou ainda o exemplo de ministros luteranos casados, afirmando: “A maioria destes pastores não parecem ser . . . de forma alguma inferiores aos sacerdotes católicos.”

O Escândalo do Celibato

O tema do “Sacerdócio Ministerial” envolvia obviamente o assunto do celibato. Visto que o Papa Paulo falara recentemente a favor dele, pelo que parece se pensava que o assunto não precisava ser agitado no sínodo. Mas, o escândalo que causava era patente demais para que o assunto não fosse suscitado por alguns dos bispos. Exemplificando: um sacerdote francês numa paróquia pequena e pobre’ que fora expulso do sacerdócio por viver com uma moça da localidade, declarou que o Arcebispo de Rouen, Monsenhor Pallier, ignorava situações similares em que sacerdotes de paróquias ricas e importantes viviam com suas namoradas.

E especial, os bispos dos EUA estavam bem informados sobre o assunto, pois ali, uma enquête feita a 6.000 bispos e sacerdotes, dirigida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Opinião, mostrava que 54 por cento favoreciam o celibato opcional. Em certos países latino-americanos, os bispos decidiram não desperdiçar energias sobre a questão do celibato, e, assim permitem que sacerdotes se casem e continuem seu ministério, conquanto suas comunidades não suscitem objeções.

E, diz o teólogo jesuíta J. McKenzie: “Em muitas regiões onde muitos [sacerdotes] não vivem uma vida celibatária, a instituição do celibato talvez não pareça ser nada, senão crassa e vasta hipocrisia. . . . Alguns verificam a possibilidade de haver grande escândalo no adultério e divórcio clericais; por motivos não tão fáceis de averiguar, não vêem o mesmo escândalo no concubinato clerical.”

O que contribui para o “escândalo” do celibato é que a Igreja Católica Romana realmente permite pelo menos duas exceções. Assim, os clérigos protestantes que se converteram à religião católico-romana foram ordenados sacerdotes apesar de serem casados. No presente, há uns sessenta de tais sacerdotes. Daí, então, o Vaticano permite que os sacerdotes das igrejas de rito oriental — que têm seu próprio ritual, mas que reconhecem a soberania do papa — se casem. Faz isto porque tais igrejas se localizam em terras em que prevalecem as Igrejas Ortodoxas Grega ou Russa’ e que permitem que seus sacerdotes diocesanos se casem. Isto é, por ocasião da ordenação, o sacerdote decide se deseja casar-se ou não. O preço que paga por se casar é que não pode aspirar um cargo mais elevado. Nisto, certamente o Vaticano é incoerente, como os líderes do rito oriental acusam. Que a posição do Vaticano é mais de conveniência do que de princípios pode-se ver de que o Vaticano proíbe os sacerdotes do rito oriental de se casarem se` servirem em países ocidentais.

Os bispos confirmam o celibato — por quê?

O SÍNODO de bispos católico-romanos de 1971 se reuniu na Cidade do Vaticano de 30 de setembro a 5 de novembro. Muitos católicos aguardavam esperançosamente o que tal reunião de uns 210 bispos e 40 outros sacerdotes e leigos realizaria. Isto era evidente em manchetes tais como as seguintes, em publicações católicas: “Esperança no Sínodo.” “Poderia Surpreender-nos o Sínodo?” “O Sínodo de 1971: Convocação Para Serviço.” Também se dizia: “O Sínodo Romano de 1971 precisa ser um marco histórico.”

Materializaram-se tais esperanças? Não, segundo as manchetes que apareceram na imprensa católica no fim do sínodo: “O Sínodo despedaçou as expectativas.” “Foi o Sínodo um Desastre!” ‘Ide, e não Realizeis Outro Sínodo.” “Sínodo emaranhado em sua própria burocracia.” “O clero de Illinois está irado com o sínodo.” “Küng: Sínodo foi um fracasso.”

Um sínodo é, literalmente, uma “reunião” de líderes religiosos; e, assim, a reunião dos apóstolos e anciãos em Jerusalém por volta de 49 E. C., para considerar a questão da circuncisão, poder-se-ia dizer, era um sínodo. (Atos, capítulo 15) A provisão de bispos católico-romanos se reunirem era produto do Concílio Vaticano II, e sínodos anteriores foram realizados em 1967 e 1969. Tais sínodos têm sido descritos como “a maior mudança estrutural já feita pelo segundo Concílio do Vaticano”. Para tal reunião, o Papa Paulo colocou na agenda dois assuntos importantes: “O Sacerdócio Ministerial” e “Justiça no Mundo”.

Ao passo que os bispos e sacerdotes católicos estavam grandemente interessados neste sínodo, isto dificilmente se poderia dizer do católico mediano. Como o editor e redator do National Catholic Reporter se expressou: “Pondo as coisas em sua devida perspectiva, devemos continuar lembrando-nos de que a maioria dos católicos no mundo não sabem e nem se importam que um Sínodo Mundial dos Bispos esteja ocorrendo aqui [em Roma]. . . . Mas, infelizmente, também se tem a impressão aqui de que muitos dos bispos têm o mesmo sentimento para com as pessoas de lá longe’. Parecem estar isolando-se.” Outro semanário católico, Commonweal, publicou em editorial: “Para muitos de nossos amigos e leitores, nós sabemos, uma reunião de bispos parece tão relevante como um congresso de concessionários Edsel [Edsel é o nome dum carro não mais fabricado e que constituiu um erro multimilionário em dólares da Companhia Ford].”

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pedido de desculpas da Igreja expõe profunda divisão

“CONFESSO perante os presentes e perante o Senhor não só meu pecado e minha culpa . . . mas — vicariamente — também me aventuro a fazer isso em nome da Igreja Reformada Holandesa.” O Professor Willie Jonker, destacado ministro da Igreja Reformada Holandesa, fez tal surpreendente pedido de desculpas perante a conferência nacional de igrejas, em 6 de novembro de 1990, em Rustenburg, África do Sul. E a que pecados se referia Jonker? Às “injustiças políticas, sociais, econômicas e estruturais cometidas” em virtude da política sul-africana do apartheid (segregação racial).
“Sinto-me livre para fazer isso”, prosseguiu o professor, “pois a Igreja Reformada Holandesa declarou em seu recente sínodo que o apartheid é um pecado, e confessou sua própria culpa”. Entretanto, a ampla reação negativa ao pedido de desculpas de Jonker indica que muitos adeptos estão totalmente em desacordo com as declarações de sua Igreja quanto ao apartheid.
O motivo da controvérsia é que a Igreja Reformada Holandesa da África do Sul, cujos membros são na maioria africânderes, há muito tem sido associada com o apartheid.
Todavia, em outubro de 1986 o sínodo da Igreja alterou dramaticamente sua política ao declarar que pessoas de todas as raças podiam tornar-se membros da Igreja, e que a Igreja estivera errada ao tentar usar a Bíblia para justificar a política do apartheid. Ademais, em 1990 o sínodo declarou que a Igreja “devia ter-se distanciado claramente deste ponto de vista há mais tempo”, e que “reconhece e confessa que deixou de fazê-lo”.
O pedido de desculpas de Jonker desencadeou controvérsia, expondo uma profunda divisão de opinião na Igreja quanto ao apartheid. Deveras, a brecha aparentemente divide membros de todos os níveis da Igreja, de leigos a ex-presidentes do sínodo geral. Em resposta ao pedido de desculpas de Jonker, Willie Potgieter, ministro da Igreja Reformada Holandesa, achou ser “falta de sensibilidade fazer tal coisa tão repentinamente”. Afirmou que quase metade de sua congregação ainda encara o apartheid como modelo cristão que pode funcionar.
É compreensível que muitos dos membros da Igreja Reformada Holandesa estejam angustiados com esta desunião. Citando as palavras dum membro descontente que escreveu ao jornal Beeld, de Johannesburg: “É hora de . . . nos ajoelharmos e implorarmos perdão por nossa pecaminosa divisão e por todas as coisas terríveis que dizemos uns sobre os outros.”
Todavia, é improvável que tal acordo ocorra; tampouco é a Igreja Reformada Holandesa a única igreja da África do Sul afligida por tais divisões. As contendas desses chamados cristãos são certamente muito diferentes do amor e da união que Jesus disse que identificariam seus genuínos seguidores. — João 17:20, 21, 26; veja 1 Coríntios 1:10.

CONCEITO ANTIBÍBLICO

A Palavra de Deus, porém, está em oposição direta a este conceito de ‘três pessoas em um só Deus’. A Bíblia diz que Deus é “Rei da eternidade”, e não tem nem princípio nem fim. (1 Tim. 1:17; Sal. 90:2) Mas a Bíblia diz que, dessemelhante de seu Pai eterno, Jesus é “o princípio da criação de Deus”. (Rev. 3:14) Prova adicional de que Jesus e Deus não são a mesmíssima pessoa, nem iguais, se vê no fato de que, na ressurreição de Jesus dentre os mortos, “Deus o enalteceu a uma posição superior”. (Fil. 2:9) Se Jesus, antes de seu enaltecimento, tivesse sido igual a Deus, não poderia ter sido enaltecido ainda mais, pois isso o teria feito superior a Deus. Quão evidente é que a doutrina da Trindade não foi ensinada pelos cristãos do primeiro século!
O ensino bíblico é claro. Jeová é o Deus Todo-poderoso que ‘criou todas as coisas’. (Rev. 4:11) Jesus Cristo é “Filho de Deus”, não o próprio Deus Todo-poderoso. (Luc. 1:35) E o espírito santo não é nenhuma pessoa, mas é a força ativa de Deus, que pode encher pessoas. (Atos 2:4) Visto que as igrejas obviamente não têm ensinado estas verdades bíblicas, é vital, se quiser agradar ao seu Criador, que se separe completamente de tais organizações religiosas. — Rev. 18:4.
Jeová é verdadeiramente Deus. Ele é o Deus vivente e o Rei por tempo indefinido. — Jer. 10:10.

AMPLA ACEITAÇÃO

Pode ser, porém, que não creia que a sua igreja aprove realmente estes credos. É verdade que tem havido a tendência de nem mesmo tentar ensinar aos paroquianos o conceito perplexo sobre Deus que é adotado. Mas isto não quer dizer que os credos tenham sido rejeitados pelas igrejas. Ao contrário, quase todas as igrejas ainda se apegam ao seu conceito confuso sobre Deus.
Que a Igreja Católica Romana o faz é claramente declarado em The Catholic Encyclopedia sob o verbete “Trindade”. Depois de citar parte do Credo Atanasiano, ela declara: “Isto é o que a Igreja ensina.”
A Igreja Anglicana também endossa os credos dos Apóstolos, de Nicéia e de Atanásio. A Igreja Episcopal, protestante, também o faz, explicando que “está longe de pretender afastar-se” da Igreja Anglicana “em qualquer ponto essencial de doutrina”.
Os grupos luteranos também adotam estes credos. A constituição da Igreja Luterana da América, Artigo II, seção 4, diz: “Esta igreja aceita os credos dos Apóstolos, de Nicéia e de Atanásio como declarações verazes da fé da Igreja.” De modo similar, a constituição da Igreja Unida de Cristo declara: “Reivindica como sua a fé da Igreja histórica, expressa nos antigos credos . . .”
Os presbiterianos adotam o Credo de Nicéia, e o mesmo fazem os grupos grandes dos metodistas. Estas religiões adotam oficialmente o conceito trinitarista. Embora os grupos batistas, em geral, não aprovem credos, o Secretário Geral Adjunto da Convenção Batista Americana observou a respeito do Credo Atanasiano: “Estou certo de que a maioria dos batistas americanos estaria em substancial acordo com o seu conteúdo.”
É verdade que certas igrejas da cristandade não endossam oficialmente nenhum credo, mas, quase todas elas adotam o dogma trinitarista que estes desenvolveram. Quanto a isso, John J. Moment escreveu no seu livro We Believe (Cremos) a respeito do Credo Atanasiano: “Suas definições estereotípicas continuaram a ser aceitas no Protestantismo, mais ou menos conscientemente, como norma de ortodoxia.”

O CREDO DE ATANÁSIO

É no Credo ou Símbolo de Atanásio que se define finalmente a Trindade. Conforme deve lembrar-se, Atanásio foi o jovem arcediago que se destacou em apoiar os conceitos apresentados no Credo de Nicéia. Foi também ele quem compôs este credo que leva seu nome?
Foi isto o que se acreditou por séculos, mas, por fim, provou-se definitivamente que não é verdade. The Faith of Christendom observa, na página 61: “A atribuição do Credo a Atanásio foi exposta no século dezessete pelo erudito holandês G. J. Voss. Argumentou-se, à base de evidência interna, que o documento pode datar do período entre 381 e 428 A. D.”
No entanto, não existe nenhuma evidência certa para uma data tão antiga para o credo. De fato, até centenas de anos depois, não existe nenhuma referência a ele na forma completa! John J. Moment, no seu livro sobre os credos, declara por isso decididamente: “Atanásio já estava morto por quinhentos anos quando apareceu.” (We Believe, página 118) Veja como o Credo Atanasiano define a Trindade:
“. . . que adoremos um só Deus em Trindade e a Trindade na Unidade, nem confundindo as Pessoas, nem separando a Substância. Na verdade, uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a Divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo; igual a glória, coeterna a majestade. Qual é o Pai, tal o Filho, tal o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo. Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno é o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo. E, no entanto, não (há) três eternos, mas um só Eterno; assim como não (há) três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso.
“Igualmente onipotente é o Pai, onipotente o Filho, onipotente o Espírito Santo; e, no entanto, não (há) três onipotentes, mas um só é o Onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; e, no entanto, não são três deuses, mas Deus é um só. Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; e, no entanto, não são três senhores, mas um só é o Senhor. Pelo que, assim como somos obrigados, na verdade cristã, a confessar cada uma Pessoa, singularmente, como Deus e Senhor, assim nos é proibido, pela religião católica, dizer três Deuses ou três Senhores.
“O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado. O Filho só pelo Pai foi: não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo, pelo Pai e pelo Filho: não foi feito, nem criado, nem gerado, mas deles procede. Um só, portanto, é o Pai; não três Pais; um só, o Filho; não três Filhos; um só, o Espírito Santo; não três Espíritos Santos. E nesta Trindade nada é primeiro ou posterior; nada maior ou menor; mas todas as três Pessoas são a si coeternas e coiguais. Portanto, por tudo, assim como acima já foi dito, deve ser adorada a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade. Portanto, quem quiser se salvar, assim sinta (pense) da Trindade. . . .”
Portanto, a doutrina da Trindade foi finalmente formulada muitas centenas de anos após a morte de Jesus Cristo. Nas palavras do teólogo N. Leroy Norquist, os homens “experimentaram palavras, afiaram frases, até que definiram a relação das três ‘pessoas’ da Trindade de tal modo, que finalmente podiam dizer: ‘A menos que creia nisso, não é verdadeiro crente.’”
Assim se formulou, portanto, o conceito sobre Deus adotado agora na maioria das igrejas.

O CREDO DE NICÉIA

Por volta do quarto século, alguns eclesiásticos, inclusive o jovem arcediago Atanásio, argumentavam que Jesus e Deus eram a mesmíssima pessoa. Por outro lado, homens tais como o presbítero Ário apegavam-se à posição bíblica, de que Jesus fora criado por Deus e era subordinado ao seu Pai. Em 325 E. C., reuniu-se em Nicéia, na Ásia Menor, um concílio eclesiástico convocado pelo imperador romano Constantino para resolver tais questões. Neste concílio, o imperador pagão Constantino favoreceu o lado de Atanásio. Portanto, os conceitos expressos por Ário, embora firmemente baseados na Bíblia, foram declarados heréticos.
Seguiu-se então um ‘experimentar palavras e afiar frases’ para projetar um credo como instrumento a ser usado contra os que afirmavam que Cristo teve início e não era consubstancial com seu Pai. O Credo ou Símbolo de Nicéia, na sua forma original, destinava-se claramente a combater a posição de Ário. Concluía com a seguinte declaração, que mais tarde foi excluída do credo:
“Mas os que dizem que houve tempo em que não existia; ou que não existia antes de ser gerado; ou que foi feito daquilo que não teve princípio; ou que afirmam que o Filho de Deus é de qualquer outra substância ou essência, ou criado, ou variável, ou mutável, estes são anatemizados [amaldiçoados] pela Igreja Católica e Apostólica.” — Cyclopedia de M’Clintock & Strong, Volume 2, páginas 559-563.
Digno de nota é também o fato de que o credo original redigido em Nicéia não atribuiu personalidade ao Espírito Santo. Todavia, adições posteriores, que se crê terem sido feitas pelo Concílio de Constantinopla, em 381 E. C., fizeram isso. O credo ou símbolo redigido em Nicéia, em 325 E. C., com as suas alterações posteriores, passou para a história como o Credo de Nicéia. Reza do seguinte modo:
“Creio em um só Deus, Pai onipotente, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro do Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial com seu Pai, por quem todas as coisas foram feitas; o Qual, por causa de nós homens e por causa da nossa salvação, desceu dos céus e, por virtude do Espírito Santo, tomou carne da Virgem Maria e foi feito homem. Também, por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, sofreu e foi sepultado; e ressuscitou no terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu para o céu; está assentado à direita de seu Pai e outra vez há de vir, com glória, para julgar os vivos e os mortos; e do seu Reino não haverá fim. E (creio) no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que procede do Pai e do Filho; o qual simultaneamente com o Pai e o Filho, é adorado e conglorificado; o qual falou pelos profetas. E em uma só Igreja Santa, Católica e Apostólica. Confesso um só batismo para a remissão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.”
Depois de se ler cuidadosamente o Credo de Nicéia, é interessante notar que ainda não se define nele completamente a Trindade. Afirma-se que o Pai e o Filho são da mesma substância, e o Espírito Santo é chamado de “Senhor e vivificador”, mas não se diz que estes três são “um só Deus”. Ainda havia de haver mais ‘experimentar palavras e afiar frases’.

O CREDO DOS APÓSTOLOS

“Mas”, objeta talvez alguém, “não foram os próprios apóstolos que compuseram o Credo dos Apóstolos? E não ensina este credo a Trindade?”
Por séculos se ensinou que os doze apóstolos escreveram este credo, e isso foi crido piamente. Mas esta afirmação se mostrou inverídica. Na realidade, a evidência revela que o “Credo dos Apóstolos”, ou “Símbolo dos Apóstolos”, foi formulado por homens que viviam centenas de anos depois deles!
The Faith of Christendom (A Crença da Cristandade), livro que é fonte de informações sobre credos e confissões, editado por B. A. Gerrish, observa: “Até agora, portanto, quanto a ter sido composto pelos Apóstolos em pessoa, não temos motivo para presumir que o Credo que leva seu título tenha aparecido menos de quinhentos anos após o tempo deles.” Examine o Credo ou Símbolo dos Apóstolos, conforme apresentado a seguir:
“Creio em Deus Pai onipotente, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria; tendo sofrido sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos, no terceiro dia ressuscitou dos mortos; subiu aos céus, está assentado à direita de Deus Pai onipotente, donde há de vir julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.”
Conforme pode ver, aqui não se diz nada sobre Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo serem “um só Deus”. No entanto, no decurso dos anos em que se formulou o Credo dos Apóstolos, surgiu grande controvérsia sobre a natureza de Cristo. Qual era exatamente a sua relação com Deus? Era inferior a Deus e distinto dele, ou era Jesus o próprio Deus?

DESCONHECIDA AOS PRIMITIVOS ECLESIÁSTICOS

Tampouco se desenvolveu o conceito de ‘três pessoas em um só Deus’ logo após a morte de Jesus e dos seus apóstolos. Isto foi observado pelo professor episcopal de história eclesiástica James Arthur Muller, que escreve: “Esta falta de uma doutrina formulada da Trindade reflete o pensamento teológico do segundo século. Nas obras de Justino, o Mártir, que escreveu por volta de 150 A. D., enfatiza-se a pré-existência do Filho, no entanto, em relação ao Pai, fala-se Dele como estando ‘em segundo lugar’.” — Creeds and Loyalty, página 9.
Mesmo perto do fim do segundo século, o destacado clérigo Ireneu fala de Cristo como estando subordinado a Deus, não igual a ele. — Veja Irenaeus Against Heresies, Livro 2, capítulo 28, seção 8.
De modo que a Trindade era desconhecida aos primitivos eclesiásticos. Realmente foi uns 400 anos ou mais após a morte de Cristo que o conceito de ‘três pessoas em um só Deus’ foi finalmente formulado por homens e introduzido na igreja.

O desenvolvimento da Trindade nos Credo

É PROVÁVEL que a maioria dos freqüentadores das igrejas, hoje em dia, crê que foram Jesus Cristo e os seus apóstolos os que desenvolveram a doutrina da Trindade. No entanto, o Professor E. Washburn Hopkins explica no seu livro Origin and Evolution of Religion (Origem e Evolução da Religião), na página 336: “A doutrina da trindade era evidentemente desconhecida a Jesus e a Paulo; de qualquer modo, não dizem nada sobre ela.” Não formularam nenhum credo definindo a Trindade.
De fato, a palavra “trindade” não ocorre nenhuma vez na Bíblia Sagrada. Tampouco se encontram na Bíblia expressões tais como “um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo”, num “consubstancial com seu Pai”. Ao contrário, a Bíblia fala de Cristo como sendo “o princípio da criação de Deus”, e diz que “a cabeça do Cristo é Deus”. (Rev. 3:14; 1 Cor. 11:3) Portanto, a Nova Enciclopédia Católica, em inglês, diz a respeito da Trindade: “Não é, conforme já se viu, direta e imediatamente a palavra de Deus.” — Volume 14, página 304.

A FORMULAÇÃO DOS CREDOS

Que quer dizer que “os homens que a formularam . . . experimentaram palavras, afiaram frases, até que definiram a relação das três ‘pessoas’ da Trindade”? Que homens formularam tal conceito sobre Deus?
Na realidade, foram eclesiásticos que viveram após a morte de Jesus. Estes homens formularam declarações de crença ou confissões que começavam com a palavra “creio”. Esta expressão, “creio”, em latim, é “credo”, da qual vem a palavra portuguesa “credo”. Foi nestes “credos” ou “símbolos”, ou declarações de crença, que se desenvolveu o conceito da Trindade.
Conhece estes credos? O que contêm? Constitui aquilo que se explana neles uma base firme para a fé?

EXPLICANDO A SUA CRENÇA A OUTROS

Se alguém lhe pedisse que lhe explicasse este conceito sobre Deus, poderia fazê-lo? Segundo o Professor Norquist, o seguinte é o que o visitante na igreja poderia dizer a um membro da igreja:
“Afirma que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, e ainda assim quer dizer-me que não crê em três Deuses, mas em um só. Quer dizer com isso que o seu Deus é de duas ou talvez três faces, que ele é o mesmo Deus, mas age de modo diferente com as diversas espécies de pessoas, que exibe faces diferentes segundo as diversas situações?”
Se for membro duma igreja, como responderia a isso? Poderia dar uma resposta satisfatória?
As pessoas querem explicações. A fim de ter base para fé, a pessoa precisa obter respostas que satisfaçam a mente. Na Palavra de Deus insta-se com os cristãos a estarem sempre “prontos para fazer uma defesa perante todo aquele que reclamar de vós uma razão para a esperança que há em vós”. (1 Ped. 3:15) Mas, existe alguma explicação de como Deus pode ser três pessoas e ainda assim uma só? Consegue explicar isso?
Note o que o teólogo Norquist finalmente concluiu: “Bem, temos de admitir que não a podemos explicar. A doutrina da Trindade não pode ser ‘destrinchada’. . . . Os homens que a formularam projetaram-na como instrumento contra hereges.
“Ao combaterem a heresia, experimentaram palavras, afiaram frases, até que definiram a relação das três ‘pessoas’ da Trindade de tal modo, que finalmente podiam dizer: ‘A menos que creia nisso, não é verdadeiro crente.’” — The Lutheran, 15 de junho de 1960, páginas 11 e 12.
Não parece haver algo de errado num conceito inexplicável sobre Deus? É de se admirar que a religião esteja declinando tanto, quando seus ensinos sobre Deus são tão confusos?

O CONCEITO DAS IGREJAS SOBRE DEUS

O fato é que grande número de pessoas, hoje em dia, nem sabem o que a sua igreja ensina a respeito de Deus. Observou-se que em muitas igrejas se diz pouco a Seu respeito. Neste sentido, a revista Ladies’ Home Journal, de março de 1969, dizia o seguinte na sua capa: “1.000 SENHORAS RELATAM: ‘NÃO SE ENCONTRA MAIS DEUS NA IGREJA.’” Um membro da Igreja Congregacional de Claremont, na Califórnia, disse até mesmo: “Na sala de reuniões de nosso Grupo Sênior dos Casados exibem-se cartazes de DEUS ESTÁ MORTO.”
É evidente que as igrejas não fizeram um trabalho muito bom de instruir a sua gente a respeito de Deus. Uma das razões principais disso é o conceito admitidamente confuso que têm sobre Ele. Qual é este conceito?
É o de que Deus é ‘três em um’. Isto é ensinado por todas as igrejas grandes da cristandade. É ensinado pela Igreja Católica Romana. E a base para se tornar membro do Conselho Mundial de Igrejas, de 237 membros, especifica: “O Conselho Mundial de Igrejas é uma associação de igrejas que professam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, segundo as Escrituras, e por isso procuram cumprir juntas a sua vocação comum, para a glória do um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.”
Assim, as organizações religiosas a que a vasta maioria das pessoas da cristandade pertence afirma que “Pai, Filho e Espírito Santo”, embora sendo três, são apenas “um só Deus”. É este também seu conceito sobre Deus? Compreende-o realmente?

Conceito confuso sobre Deus

HOJE há muita confusão sobre Deus. A maioria das pessoas dirão que crêem na sua existência, mas o conceito que formam dele em geral é vago. O ensino das igrejas é na maior parte responsável por isso.
O teólogo G. H. Boobyer admite isso francamente, dizendo: “Não verificamos que a doutrina ortodoxa a respeito da pessoa de Cristo é fonte de muita perplexidade para os não-cristãos indagadores e para muitos cristãos que recebem instrução? ‘Deus verdadeiro do Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial com seu Pai’ e ‘o mesmo perfeito em Divindade, o mesmo perfeito em humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem’ — assim vai a linguagem familiar . . . Não se tem de admitir que para muita gente leiga inteligente isso parece pura mistificação?” — Bulletin of the John Rylands Library, Primavera de 1968, página 248.
O professor de seminário luterano N. Leroy Norquist, escrevendo no periódico The Lutheran, fez uma observação similar: “Se um homem que nunca antes tivesse ouvido o que os cristãos crêem se encontrasse de repente numa congregação luterana, no ofício matinal de domingo, ficaria completamente confuso.”
Qual é a sua opinião? Sente-se também confuso com o ensino das igrejas a respeito de Deus? Qual é seu conceito de Deus? É igual ao ensinado pela sua organização religiosa?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A religião verdadeira fica temporariamente indistinta

Na ilustração sobre o trigo e o joio, Jesus predisse que a religião verdadeira ficaria quase totalmente obscurecida durante algum tempo. Leia você mesmo o relato de Mateus 13:24-30, 36-43. Em um campo, Jesus semeou trigo, a “semente excelente”, que simbolizava seus discípulos fiéis que formariam a congregação cristã original. Ele advertiu que “um inimigo” — Satanás, o Diabo — com o tempo semearia por cima do trigo “o joio” — pessoas que professariam seguir a Jesus Cristo, mas, na verdade, rejeitariam seus ensinos.

Logo depois da morte dos apóstolos de Jesus, surgiram indivíduos que se encaixaram no papel de “joio”, preferindo adotar ensinos humanos distorcidos em vez da “própria palavra de Jeová”. (Jeremias 8:8, 9; Atos 20:29, 30) Em conseqüência disso, um cristianismo falsificado, pervertido, apareceu no cenário mundial. Tal desvio foi liderado pelo que a Bíblia chama de “aquele que é contra a lei” — uma classe clerical corrupta que se encontra mergulhada em “todo engano injusto”. (2 Tessalonicenses 2:6-10) Jesus predisse que essa situação mudaria “na terminação do sistema de coisas”. Os cristãos semelhantes ao “trigo” seriam reunidos e o “joio” seria finalmente destruído.

É esse cristianismo falsificado o responsável pelos “séculos de barbárie absoluta” e escuridão espiritual que tomou conta da cristandade nos séculos seguintes. Prevendo essa situação e todos os outros atos depravados e violentos praticados desde então em nome da religião, o apóstolo Pedro predisse corretamente que “por causa destes [cristãos professos], falar-se-[ia] de modo ultrajante do caminho da verdade”. — 2 Pedro 2:1, 2.

O que Jesus ensinou procedia de Deus

“O que eu ensino”, disse Jesus Cristo, “não é meu, mas pertence àquele que me enviou”. (João 7:16) O que ele ensinava se originava do Deus Todo-Poderoso. De modo que os ensinos de Jesus tinham um efeito profundo e positivo nos que o escutavam. Eles não ‘entorpeciam a consciência humana nem enchiam a mente das pessoas de fantasias escapistas’. Pelo contrário, libertavam as pessoas da falsidade religiosa e das filosofias humanas produzidas por um mundo mantido “mentalmente em escuridão”, enganado pelo Diabo. — Efésios 4:18; Mateus 15:14; João 8:31, 32.

Os verdadeiros cristãos eram identificados, não por simplesmente professarem sua devoção, mas por uma fé que evidenciava as qualidades desejáveis produzidas pelo espírito santo de Deus. (Gálatas 5:22, 23; Tiago 1:22; 2:26) Entre essas virtudes destaca-se aquela que é o sinal identificador do cristianismo genuíno — a qualidade sublime do amor. — João 13:34, 35.

Note, porém, o seguinte ponto, muito importante: nem Jesus nem seus apóstolos tinham a expectativa de que a congregação cristã mantivesse o padrão com que havia sido estabelecida originalmente. Eles sabiam que a apostasia se desenvolveria e que a religião verdadeira seria ofuscada durante algum tempo

Um desencaminhante “anjo de luz”

De acordo com a Bíblia, há uma resposta bem simples. Fazendo-se de “anjo de luz”, Satanás, o Diabo, tem desencaminhado milhões de pessoas para seguir os seus ensinos em vez de seguir os de Deus. (2 Coríntios 11:14) O apóstolo João mostrou que o alcance da influência de Satanás é tão grande que “o mundo inteiro jaz no poder do iníquo”. (1 João 5:19) João sabia que Satanás estava “desencaminhando toda a terra habitada”. — Revelação (Apocalipse) 12:9.

Quais são as conseqüências? Satanás tem promovido sistemas religiosos que por fora têm uma aparência de santidade. Eles possuem “uma fachada de ‘religião’”, mas sua verdadeira condição é evidenciada pelos frutos maus que produzem. (2 Timóteo 3:5, J. B. Phillips, em inglês; Mateus 7:15-20) Em vez de ajudar a resolver os problemas da humanidade, a religião tornou-se na verdade parte deles.

Não descarte logo essa idéia, achando-a exagerada ou absurda. Lembre-se de que quando uma pessoa é enganada, obviamente não se dá conta disso. O apóstolo Paulo deu um exemplo disso quando escreveu: “As coisas sacrificadas pelas nações, elas sacrificam a demônios, e não a Deus.” (1 Coríntios 10:20) Aquelas pessoas provavelmente ficariam chocadas de imaginar que estavam adorando demônios. Elas acreditavam estar adorando um ou mais deuses bons, quaisquer que fossem. Mas na verdade haviam sido enganadas pelas “forças espirituais iníquas nos lugares celestiais”, que apóiam a Satanás nos seus esforços de desencaminhar a humanidade. — Efésios 6:12.

Examinemos, por exemplo, como Satanás conseguiu enganar e desencaminhar muitos professos cristãos que preferiram ignorar a advertência do apóstolo João a respeito dessa influência maligna. — 1 Coríntios 10:12.

A religião é a raiz dos problemas da humanidade?

“QUANDO a religião não está promovendo conflitos, está agindo como uma droga que entorpece a consciência humana e enche a mente das pessoas de fantasias escapistas. . . . Deixa os seres humanos bitolados e supersticiosos, enche-os de ódio e de medo.” O ex-missionário metodista que escreveu essas palavras acrescentou: “Essas acusações são verdadeiras. Existe religião má e religião boa.” — Start Your Own Religion (Crie sua Própria Religião).

‘É claro que essas críticas são injustas’, alguns talvez digam. Mas quem pode negar os fatos da história? Em grande parte, a religião — definida como “serviço ou culto a Deus ou ao sobrenatural” — tem um registro chocante. Ela deveria nos esclarecer e elevar nosso espírito. Quase sempre, porém, o que ela faz é promover conflitos, intolerância e ódio. Por quê?

domingo, 18 de abril de 2010

Examine as Escrituras

Em Atos, capítulo 17, versículo 11, diz-se que certas pessoas tinham ‘mentalidade nobre’ porque ‘examinavam cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim’, isto é, as coisas ensinadas pelo apóstolo Paulo. Elas haviam sido encorajadas a usar as Escrituras para examinar os ensinos até mesmo de um apóstolo. Você deve fazer o mesmo.

Tenha presente que as Escrituras são ‘inspiradas por Deus’ e devem ser usadas para “endireitar as coisas, para disciplinar em justiça, a fim de que o homem de Deus seja plenamente competente, completamente equipado para toda boa obra”. (2 Timóteo 3:16, 17) Portanto, a Bíblia é completa em assuntos doutrinais. Se a doutrina da Trindade é verdadeira, ela deve constar da Bíblia.

Convidamo-lo a pesquisar a Bíblia, especialmente os 27 livros das Escrituras Gregas Cristãs, para ver por si mesmo se Jesus e seus discípulos ensinavam uma Trindade. À medida que pesquisar, pergunte-se:

1. Encontro algum texto que mencione “Trindade”?

2. Encontro algum texto que diga que Deus se compõe de três pessoas distintas, Pai, Filho e espírito santo, mas que as três são um único Deus?

3. Encontro algum texto que diga que o Pai, o Filho e o espírito santo são iguais em todos os aspectos, tais como em eternidade, poder, posição e sabedoria?

Ainda que pesquise cabalmente, não encontrará um texto sequer que use a palavra Trindade, nem um que diga que o Pai, o Filho e o espírito santo sejam iguais em todos os aspectos, tais como em eternidade, poder, posição e sabedoria. Nem um único texto diz que o Filho é igual ao Pai nestes aspectos — e, se houvesse tal texto, ele estabeleceria, não uma Trindade, mas no máximo uma “dualidade”. Em lugar algum a Bíblia iguala o espírito santo ao Pai.

O Que Significa a Doutrina da Trindade

Alguns concluem que o ensino da Trindade significa simplesmente atribuir deidade ou divindade a Jesus. Para outros, a crença na Trindade simplesmente significa a crença no Pai, no Filho e no espírito santo.

Contudo, um exame detido dos credos da cristandade mostra quão lamentavelmente inadequadas são tais idéias em relação à doutrina formal. Definições oficiais deixam claro que a doutrina da Trindade não é uma simples idéia. Em vez disso, trata-se dum conjunto complexo de idéias independentes que foram reunidas no decorrer dum longo período e, daí, entrelaçadas.

Do enfoque que a doutrina da Trindade recebeu após o Concílio de Constantinopla, em 381 EC, do Tomo de Dâmaso, em 382 EC, do Credo Atanasiano, que surgiu algum tempo depois, e de outros documentos, podemos determinar claramente a que a cristandade se refere com a doutrina da Trindade. Esta inclui as seguintes idéias definitivas:

1. Diz-se que há três pessoas divinas — o Pai, o Filho e o espírito santo — na Divindade.

2. Diz-se que cada uma dessas pessoas distintas é eterna, nenhuma tendo surgido antes ou depois da outra.

3. Diz-se que cada uma é todo-poderosa, nenhuma sendo maior ou menor que a outra.

4. Diz-se que cada uma é onisciente, sabendo todas as coisas.

5. Diz-se que cada uma é Deus verdadeiro.

6. Contudo, diz-se que não há três Deuses, mas um único Deus.

É óbvio, pois, que a doutrina da Trindade é um conjunto complexo de idéias, que inclui pelo menos os elementos vitais supracitados e envolve ainda mais, conforme fica revelado quando se examinam os pormenores. Mas, se consideramos apenas as idéias básicas já citadas, é evidente que, se qualquer delas é removida, o que resta já não é a Trindade da cristandade. Para se ter o quadro completo, todos esses aspectos têm de estar presentes.

Com este entendimento melhor do termo “Trindade”, podemos agora perguntar: Era um ensino de Jesus e de seus discípulos? Em caso afirmativo, devia ter aparecido plenamente formulado no primeiro século da Era Comum. E, visto que o que eles ensinavam se acha na Bíblia, então a doutrina da Trindade ou é ou não é um ensino bíblico. Se é, deve ser claramente ensinado na Bíblia.

Não é razoável pensar que Jesus e seus discípulos ensinariam às pessoas a respeito de Deus e, no entanto, não lhes diriam quem é Deus, especialmente levando-se em conta que se esperaria que alguns crentes até sacrificassem a vida por Deus. Assim, Jesus e seus discípulos deviam ter dado a mais alta prioridade a ensinar a outros esta doutrina vital.

A Doutrina da Trindade

Quase todas as igrejas da cristandade ensinam que Deus é uma Trindade. The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica) diz que o ensino da Trindade é “a doutrina central da religião cristã”, definindo-o do seguinte modo:

“Na unidade da Divindade, há Três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, estas Três Pessoas sendo realmente distintas uma da outra. Assim, nos dizeres do Credo Atanasiano: ‘o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus; e, não obstante, não são três Deuses, mas um só Deus.’ . . . As Pessoas são coeternas e coiguais: todas são igualmente incriadas e onipotentes.”1

The Baptist Encyclopædia (Enciclopédia Batista) dá uma definição similar. Ela diz:

“[Jesus] é . . . o eterno Deus . . . O Espírito Santo é Deus . . . O Filho e o Espírito Santo são colocados em exata igualdade com o Pai. Se este é Deus, os demais também o são.

Ensinava a Primitiva Igreja Que Deus É Uma Trindade?

Parte 1 — Ensinavam Jesus e seus discípulos a doutrina da Trindade?

Ensinavam Jesus e seus discípulos a doutrina da Trindade? Ensinavam-na os líderes da igreja dos séculos que seguiram? Como se originou essa doutrina? E por que é importante saber a verdade sobre essa crença? A partir da Parte 1, nesta edição, A Sentinela considerará estas perguntas numa série de artigos. Outros artigos da série serão publicados periodicamente em futuras edições.

AQUELES que aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus reconhecem que têm a responsabilidade de ensinar outros a respeito do Criador. Dão-se conta também de que a substância do que ensinam sobre Deus tem de ser verdadeira.

Deus censurou os “consoladores” de Jó por não fazerem isso. “Deus passou a dizer a Elifaz, o temanita: ‘Minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois companheiros, pois não falastes a verdade a meu respeito assim como fez meu servo Jó.’” — Jó 42:7.

O apóstolo Paulo, ao considerar a ressurreição, disse que seríamos “achados como falsas testemunhas de Deus” se ensinássemos sobre as atividades de Deus algo que não fosse verdadeiro. (1 Coríntios 15:15) Visto ser assim no que concerne à ressurreição, quão cuidadosos precisamos ser ao abordar o ensino a respeito de quem é Deus!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Sedução da Filosofia

O historiador Will Durant explica: “A igreja não se limitou a tomar algumas formas e costumes religiosos da Roma [pagã] pré-cristã — a estola e outras vestes sacerdotais, o uso do incenso e da água benta nas purificações, os círios e a luz perpetuamente acesa nos altares, a veneração dos santos, a arquitetura da basílica, a lei romana como base da lei canônica, o título de Pontifex Maximus para o Supremo Pontífice, e no século IV o latim . . . Em breve os bispos, em vez dos prefeitos romanos, seriam a fonte da ordem e a sede do poder nas cidades, os metropolitanos, ou arcebispos, iriam sustentar, senão suplantar, os governadores provinciais; e o sínodo dos bispos sucederia à Assembléia provincial. A Igreja Romana seguiu nas pegadas do Estado Romano.” — A História da Civilização: Volume III — César e Cristo.

Essa atitude de transigência com o mundo romano contrasta-se nitidamente com os ensinos de Cristo e dos apóstolos. (Veja quadro, página 262.) O apóstolo Pedro aconselhou: “Amados, . . . estou acordando as vossas claras faculdades de pensar por meio dum lembrete, para que vos lembreis das declarações anteriormente feitas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos vossos apóstolos. Vós, portanto, amados, tendo este conhecimento adiantado, guardai-vos para que não sejais desviados com eles pelo erro dos que desafiam a lei e não decaiais da vossa firmeza.” Paulo aconselhou claramente: “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos. Pois, que associação tem a justiça com o que é contra a lei? Ou que parceria tem a luz com a escuridão? . . . ‘“Portanto, saí do meio deles e separai-vos”, diz Deus, “e cessai de tocar em coisa impura”’; ‘“e eu vos acolherei.”’” — 2 Pedro 3:1, 2, 17; 2 Coríntios 6:14-17; Revelação [Apocalipse] 18:2-5.

Apesar dessa clara admoestação, cristãos apóstatas do segundo século lançaram mão de todos os ornatos da religião romana pagã. Desviaram-se de sua origem bíblica pura e, em seu lugar, revestiram-se de paramentos e títulos romanos pagãos e ficaram imbuídos da filosofia grega. O professor Wolfson, da Universidade de Harvard, EUA, explica em The Crucible of Christianity (O Crisol do Cristianismo) que, no segundo século, houve um grande influxo de “gentios de formação filosófica” no cristianismo. Estes admiravam a sabedoria dos gregos e julgavam ver similaridades entre a filosofia grega e os ensinos das Escrituras. Wolfson continua: “Diversificadamente, eles às vezes se expressam no sentido de que a filosofia é a dádiva especial de Deus aos gregos, através do raciocínio humano, assim como as Escrituras o são para os judeus, através de revelação direta.” Ele continua: “Os Pais da Igreja . . . deram início a seu empreendimento sistemático de mostrar como, por trás da despretensiosa linguagem que as Escrituras gostam de usar, estão ocultos os ensinamentos dos filósofos enunciados nos obscuros termos técnicos cunhados em suas Academias, Liceus e Pórticos [centros de conferências filosóficas].”

Tal atitude abriu o caminho para a infiltração da filosofia e da terminologia gregas nos ensinos da cristandade, especialmente nos campos da doutrina trinitarista e da crença numa alma imortal. Como diz Wolfson: “Os Pais [da igreja] passaram a buscar nas reservas da terminologia filosófica dois bons termos técnicos, um dos quais seria usado para designar a realidade da distinção de cada membro da Trindade como indivíduo, e o outro para designar a sua fundamental união comum.” Todavia, tiveram de admitir que “o conceito de um Deus trino é um mistério que não pode ser solvido por raciocínio humano”. Em contraste, Paulo reconhecera claramente o perigo de tal contaminação e ‘desvirtuamento das boas novas’ quando escreveu aos cristãos gálatas e colossenses: “Acautelai-vos: talvez haja alguém que vos leve embora como presa sua, por intermédio de filosofia [grego: fi·lo·so·fí·as] e de vão engano, segundo a tradição de homens, segundo as coisas elementares do mundo e não segundo Cristo.” — Gálatas 1:7-9; Colossenses 2:8; 1 Coríntios 1:22, 23.

Apostasia — bloqueado o caminho a Deus

POR QUE são tão importantes os primeiros 400 anos da história da cristandade? Pela mesma razão que são importantes os primeiros anos da vida duma criança — são anos formativos, quando se lança a base para a futura personalidade da pessoa. O que revelam os primeiros séculos da cristandade?

Antes de respondermos a esta pergunta, lembremo-nos de uma verdade que Jesus Cristo expressou: “Entrai pelo portão estreito; porque larga e espaçosa é a estrada que conduz à destruição, e muitos são os que entram por ela; ao passo que estreito é o portão e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos são os que o acham.” A estrada da conveniência é larga; a de princípios corretos é estreita. — Mateus 7:13, 14.

No início do cristianismo, havia dois caminhos possíveis à escolha de quem abraçasse essa fé impopular — apegar-se aos não transigentes ensinos e princípios de Cristo e das Escrituras, ou tender para a ampla e cômoda trilha da transigência com o mundo de então. Como veremos, a história dos primeiros 400 anos mostra qual foi a vereda que a maioria por fim escolheu.

Praticará a igreja o que o papa pregou?

COMO reagiram os católicos irlandeses ao apelo do papa para acabarem com os 10 anos de violência, em que foram mortas umas 2.000 pessoas?

Do mesmo modo como reagiram aos mais de 30 apelos do Papa Paulo VI à paz na Irlanda. Rejeitaram-no! “Acreditamos, com toda consciência”, respondeu o católico Exército Republicano Irlandês, “que a força é o único modo de afastar o demônio da presença britânica na Irlanda”.

Os católicos irlandeses, na Irlanda do Norte, acreditam que estão sendo oprimidos pela maioria protestante. Portanto, ao rejeita: em o apelo do papa, os católicos citam a doutrina de sua Igreja, de que se pode recorrer à violência para obter justiça. Encontram os católicos irlandeses algum precedente para travar a chamada “guerra justa”?