sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Escândalo do Celibato

O tema do “Sacerdócio Ministerial” envolvia obviamente o assunto do celibato. Visto que o Papa Paulo falara recentemente a favor dele, pelo que parece se pensava que o assunto não precisava ser agitado no sínodo. Mas, o escândalo que causava era patente demais para que o assunto não fosse suscitado por alguns dos bispos. Exemplificando: um sacerdote francês numa paróquia pequena e pobre’ que fora expulso do sacerdócio por viver com uma moça da localidade, declarou que o Arcebispo de Rouen, Monsenhor Pallier, ignorava situações similares em que sacerdotes de paróquias ricas e importantes viviam com suas namoradas.

E especial, os bispos dos EUA estavam bem informados sobre o assunto, pois ali, uma enquête feita a 6.000 bispos e sacerdotes, dirigida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Opinião, mostrava que 54 por cento favoreciam o celibato opcional. Em certos países latino-americanos, os bispos decidiram não desperdiçar energias sobre a questão do celibato, e, assim permitem que sacerdotes se casem e continuem seu ministério, conquanto suas comunidades não suscitem objeções.

E, diz o teólogo jesuíta J. McKenzie: “Em muitas regiões onde muitos [sacerdotes] não vivem uma vida celibatária, a instituição do celibato talvez não pareça ser nada, senão crassa e vasta hipocrisia. . . . Alguns verificam a possibilidade de haver grande escândalo no adultério e divórcio clericais; por motivos não tão fáceis de averiguar, não vêem o mesmo escândalo no concubinato clerical.”

O que contribui para o “escândalo” do celibato é que a Igreja Católica Romana realmente permite pelo menos duas exceções. Assim, os clérigos protestantes que se converteram à religião católico-romana foram ordenados sacerdotes apesar de serem casados. No presente, há uns sessenta de tais sacerdotes. Daí, então, o Vaticano permite que os sacerdotes das igrejas de rito oriental — que têm seu próprio ritual, mas que reconhecem a soberania do papa — se casem. Faz isto porque tais igrejas se localizam em terras em que prevalecem as Igrejas Ortodoxas Grega ou Russa’ e que permitem que seus sacerdotes diocesanos se casem. Isto é, por ocasião da ordenação, o sacerdote decide se deseja casar-se ou não. O preço que paga por se casar é que não pode aspirar um cargo mais elevado. Nisto, certamente o Vaticano é incoerente, como os líderes do rito oriental acusam. Que a posição do Vaticano é mais de conveniência do que de princípios pode-se ver de que o Vaticano proíbe os sacerdotes do rito oriental de se casarem se` servirem em países ocidentais.

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