terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ressurreição, não reencarnação

Embora a Bíblia não apóie a doutrina da reencarnação, ninguém precisa ficar desapontado. A mensagem da Bíblia oferece algo muito mais consolador do que a idéia de nascer de novo num mundo cheio de doenças, tristezas, dor e morte. E o que a Bíblia oferece não é apenas consolador, mas é a verdade, a própria Palavra de Deus.

Paulo expressou desta forma essa doutrina animadora: “Eu tenho esperança para com Deus . . . de que há de haver uma ressurreição tanto de justos como de injustos.” A palavra “ressurreição”, ou alguma forma dela, ocorre mais de 50 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs, e Paulo refere-se a ela como uma das doutrinas primárias da fé cristã. — Atos 24:15; Hebreus 6:1, 2.

A ressurreição significa, obviamente, que a morte existe. Em parte alguma na Bíblia você encontrará algum indício de que o homem tenha uma alma imortal. Se o homem tivesse uma alma imortal que se separasse do corpo por ocasião da morte e fosse para um destino eterno no céu ou no inferno, ou reencarnasse, não haveria necessidade de uma ressurreição. Por outro lado, uma centena de textos bíblicos mostra que a alma humana não é imortal, mas sim mortal e destrutível. Coerentemente, a Bíblia fala da morte como sendo o oposto da vida, isto é, a inexistência em contraste com a existência.

A morte, ou a inexistência, foi a punição pelo pecado de Adão e Eva contra Deus. Foi uma punição, não uma porta de entrada para uma vida imortal em algum outro lugar. Deus disse claramente que eles voltariam para o lugar de onde vieram — o pó da terra: “Dele foste tomado. Porque tu és pó e ao pó voltarás.” (Gênesis 3:19) Eles não tinham alma imortal antes de terem sido criados por Deus e colocados na Terra, no jardim do Éden, e tampouco ganharam uma depois que morreram.

A ressurreição é comparável a acordar do sono, ou descanso. Por exemplo, Jesus disse a respeito de Lázaro, a quem ele iria ressuscitar: “Lázaro . . . foi descansar, mas eu viajo para lá para o despertar do sono.” (João 11:11) Concernente ao profeta Daniel, lemos: “[Tu] descansarás, porém, no fim dos dias erguer-te-ás para receber a tua sorte.” — Daniel 12:13.

Textos mal entendidos

Os que crêem na reencarnação dizem que a Bíblia toca no assunto em Mateus 17:11-13, onde Jesus relaciona João, o Batizador, com o antigo profeta Elias. Este texto reza: “‘Elias, de fato, vem e restabelecerá todas as coisas. No entanto, eu vos digo que Elias já veio . . .’ Os discípulos perceberam então que lhes falara de João Batista.”

Queria Jesus dizer com isso que João, o Batizador, era uma reencarnação do profeta Elias? O próprio João sabia que não era. Certa ocasião, quando se lhe perguntou: “És tu Elias?”, João respondeu claramente: “Não sou.” (João 1:21) Contudo, havia sido predito que João precederia o Messias “com o espírito e o poder de Elias”. (Lucas 1:17; Malaquias 4:5, 6) Em outras palavras, João, o Batizador, era “Elias” no sentido de que realizava uma obra comparável à de Elias.

Em João 9:1, 2, lemos: “Ora, quando [Jesus] ia passando, viu um homem cego de nascença. E seus discípulos perguntaram-lhe: ‘Rabi, quem pecou, este homem ou os seus pais, de modo que nasceu cego?’” Alguns que crêem na reencarnação opinam que, uma vez que este homem nasceu cego, seu pecado deve ter ocorrido numa vida passada.

Mas, o que quer que tenha levado os discípulos a fazer esta pergunta, a resposta de Jesus tem de ser o fator decisivo. Ele declarou: “Nem este homem pecou, nem os seus pais.” (João 9:3) Isto contradiz a reencarnação, que implica que as deficiências físicas resultam de pecados de uma vida passada. O ponto de que ninguém pode pecar antes de nascer pode ser deduzido também daquilo que Paulo escreveu sobre Esaú e Jacó: “Ainda não tinham nascido, nem tinham ainda praticado nada de bom ou de ruim.” — Romanos 9:11.

Ensina a Palavra de Deus a reencarnação?

QUEM examinar a Bíblia esperando encontrar apoio para a doutrina da reencarnação estará fadado ao desapontamento. Em lugar algum verá escrito que humanos tiveram vidas passadas. Também, não encontrará na Bíblia expressões tais como “reencarnação”, “transmigração da alma” ou “alma imortal”.

Contudo, alguns que crêem na reencarnação tentam explicar essa falta de apoio bíblico alegando que a idéia da reencarnação era tão comum nos tempos antigos que qualquer explicação teria sido supérflua. De fato, a doutrina da reencarnação é muito antiga, mas, não importa quão antiga seja, ou se era ou não muito comum, ainda fica a pergunta: Será que a Bíblia a ensina?

Em 2 Timóteo 3:16, 17, o apóstolo Paulo escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, para disciplinar em justiça, a fim de que o homem de Deus seja plenamente competente, completamente equipado para toda boa obra.” Sim, a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, seu meio de comunicação com a família humana. E, como Paulo escreveu, habilita o inquiridor sincero a ficar “plenamente competente, completamente equipado” para responder a todas as perguntas importantes a respeito da vida, incluindo as sobre o passado, o presente e o futuro.

Paulo disse também: “Quando recebestes a palavra de Deus, que ouvistes de nós, vós a aceitastes, não como a palavra de homens, mas, pelo que verazmente é, como a palavra de Deus.” (1 Tessalonicenses 2:13) Visto que a Bíblia contém os pensamentos de Deus, não os do homem imperfeito, não nos deve surpreender que a Bíblia muitas vezes difira dos pensamentos do homem, mesmo que estes tenham sido populares no decorrer dos anos. Mas, talvez diga: ‘Será que a Bíblia, em alguns lugares, pelo menos não insinua a reencarnação?’

sábado, 18 de setembro de 2010

Enigmas históricos

Alguns acham difícil conciliar a idéia de que cerca de 20 judeus teriam partido de Jerusalém para a América do Norte, em 600 AEC, com a de que, em menos de 30 anos, eles se tivessem multiplicado e se dividido em duas nações! (2 Nefi 5:28) Dentro de 19 anos após a sua chegada, esse grupo pequeno supostamente construiu um templo “segundo o modelo do templo de Salomão . . ., e sua obra, portanto, era consideravelmente formosa” — deveras, uma tarefa colossal! A construção do templo de Salomão, em Jerusalém, levou sete anos e ocupou cerca de 200.000 trabalhadores, artífices e capatazes. — 2 Nefi 5:16; compare com 1 Reis 5, 6.

Os que lêem com cuidado O Livro de Mórmon ficam perplexos com certos eventos que parecem fora da ordem cronológica correta. Por exemplo, Atos 11:26 diz: “Os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez em Antioquia.” (KJ) Mas Alma 46:15, segundo dá a entender ao descrever eventos em 73 AEC, fala de cristãos na América antes de Cristo vir à Terra.

O Livro de Mórmon apresenta-se mais como narrativa histórica do que como tratado de doutrinas. As frases “e aconteceu que” e “e sucedeu que” ocorrem cerca de 1.200 vezes na edição atual — cerca de 2.000 vezes na edição de 1830. Muitos dos lugares mencionados na Bíblia ainda existem, mas a localização de a bem dizer todos os locais citados em O Livro de Mórmon, como, por exemplo, Gimgimno e Zeezrom, é desconhecida.

A história dos mórmons fala de vastos povoamentos no continente norte-americano. Helamã 3:8 reza: “E sucedeu que se multiplicaram e se espalharam . . . de forma tal que começou a ser povoada toda a face da terra.” De acordo com Mórmon 1:7, a terra “se achava coberta com edifícios”. Muitos se perguntam onde estão os vestígios dessas civilizações florescentes. Onde estão os artefatos dos nefitas, suas moedas de ouro, espadas, escudos ou armaduras? — Alma 11:4; 43:18-20.

Ao considerar essas perguntas, os adeptos do mormonismo fazem bem em refletir seriamente nas palavras do mórmon Rex E. Lee: “A autenticidade do mormonismo fica de pé ou cai junto com o livro do qual a Igreja deriva seu nome.” Uma fé fundamentada em conhecimento bíblico sólido, em vez de numa mera oração carregada de emoção, representa um desafio para os mórmons sinceros — bem como para todos os que professam ser cristãos.

O Livro de Mórmon, pedra fundamental da fé

Joseph Smith exaltou O Livro de Mórmon como “o livro mais correto da terra e a pedra fundamental de nossa religião”. Uma coleção de placas de ouro seria alegadamente a fonte de seus escritos. Onze mórmons testificaram ter visto as placas. Após concluir a tradução do documento, porém, Smith disse que as placas foram levadas para o céu. Assim, não se acham à disposição para análise textual.

A Pérola de Grande Valor fala de um professor de nome Charles Anthon, a quem teria sido mostrada uma cópia de algumas das inscrições, e que ele as declarou autênticas, e a tradução, correta. Mas ao saber a origem das placas, o relato diz que ele retratou seu parecer. Essa história soa incoerente com a afirmação de Smith de que só ele tinha o dom de traduzir o idioma das placas, “o conhecimento do qual foi perdido pelo mundo”. Poderia o professor Anthon verificar a exatidão de um texto que ele não sabia ler e, portanto, não poderia traduzir?

O Livro de Mórmon cita extensivamente da versão King James da Bíblia, cujo inglês shakespeariano já era considerado arcaico nos dias de Joseph Smith. Incomoda alguns de seus leitores o fato de que O Livro de Mórmon, o “mais correto” dos livros, plagia pelo menos 27.000 palavras de uma versão da Bíblia que está, segundo ele dá a entender, repleta de erros e que Smith mais tarde empreendeu revisar.

A comparação da primeira edição de O Livro de Mórmon com as edições atuais revela a muitos mórmons um fato surpreendente — que o livro supostamente “traduzido . . . pelo dom e poder de Deus” teve sua gramática, grafia e substância várias vezes alteradas. Há, por exemplo, uma confusão patente sobre a identidade do “Pai Eterno”. Segundo a primeira edição de 1 Nefi 13:40, “o Cordeiro de Deus é o Pai Eterno”. Mas, edições posteriores dizem que “o Cordeiro de Deus é o Filho do Pai Eterno”. (O grifo é nosso.) Os dois manuscritos originais de O Livro de Mórmon, escritos em 1830, ainda existem. Um deles, de posse da Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, tem as palavras “o Filho” acrescentadas entre as linhas.

Quanto a Doutrina e Convênios, livro sagrado para os mórmons, o erudito dos Santos dos Últimos Dias, Lyndon W. Cook, explica no prefácio do livro The Revelations of the Prophet Joseph Smith: “Tendo em vista que algumas revelações foram revisadas pelas comissões incumbidas de organizá-las para publicação, nota-se que houve acréscimos e supressões textuais significativas.” Uma dessas alterações encontra-se em Livro de Mandamentos 4:2 que disse a respeito de Smith: “Ele tem o dom de traduzir o livro . . . Não lhe concederei nenhum outro dom.” Mas quando a revelação foi reimpressa no ano de 1835 em Doutrina e Convênios, ela passou a rezar: “Pois não te concederei nenhum outro dom, até que a tradução esteja completa.” — 5:4.

“Como Deus é, o homem pode vir a ser”

“Embora não nos lembremos disso”, explica Lee, “nós existimos como espíritos na vida anterior”. De acordo com essa crença de progressividade eterna dos Santos dos Últimos Dias, pela obediência estrita o homem pode se tornar um deus — um criador como Deus. “O próprio Deus já foi como somos agora — ele é um homem exaltado, entronizado em céus distantes!”, declarou Joseph Smith. “Tereis de aprender como tornar-vos deuses vós mesmos, . . . da mesma forma como todos os deuses fizeram antes de vós.” Lorenzo Snow, profeta mórmon, disse: “Como o homem é, Deus já foi; como Deus é, o homem pode vir a ser.”

Será que esse futuro é apresentado nas páginas da Bíblia? A única oferta de divindade registrada nela foi a promessa sem fundamento de Satanás, o Diabo, no jardim do Éden. (Gênesis 3:5) A Bíblia revela que Deus criou Adão e Eva para viver na Terra e ordenou-lhes que gerassem uma família humana perfeita que viveria aqui em felicidade eterna. (Gênesis 1:28; 3:22; Salmo 37:29; Isaías 65:21-25) A desobediência proposital de Adão deu início ao pecado e à morte no mundo. — Romanos 5:12.

O Livro de Mórmon diz que se Adão e Eva — anteriormente espíritos — não tivessem pecado, não teriam tido filhos nem alegria e teriam permanecido sozinhos no Paraíso. Assim, sua versão do pecado do primeiro casal envolve relação sexual e gerar filhos. “Adão caiu, para que os homens existissem; e os homens existem, para que tenham alegria.” (2 Nefi 2:22, 23, 25) Segundo os mórmons, os espíritos no céu aguardam uma oportunidade de viver na Terra pecaminosa — passo necessário rumo à perfeição e à divindade. Diz a revista Ensign, dos Santos dos Últimos Dias: “Olhamos para o que Adão e Eva fizeram com grande apreço em vez de com desdém.”

“Esta doutrina [a de que o homem existiu no domínio espiritual]”, diz Joseph Fielding Smith, sobrinho-neto de Joseph Smith, “na Bíblia é apenas discernida através de uma neblina ou névoa . . . porque muitas coisas claras e preciosas foram tiradas da Bíblia”. Ele declara ainda: “Essa crença baseia-se numa revelação dada à Igreja em 6 de maio de 1833.” Portanto, embora aceitem a inspiração da Bíblia, em caso de desacordo, a doutrina dos Santos dos Últimos Dias necessariamente confere maior peso às palavras de seus profetas.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os mórmons e a Bíblia

“Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja correta sua tradução”, declara o artigo oitavo das Regras de Fé do mormonismo. Mas acrescenta: “Cremos também ser o Livro de Mórmon a palavra de Deus.” Muitos se perguntam, porém, que necessidade há de outras Escrituras?

O elder Bruce R. McConkie afirmou: “Não há ninguém na Terra que tenha a Bíblia em tão alta conta quanto os [mórmons]. . . . Mas nós não cremos que . . . a Bíblia contenha todas as coisas necessárias para a salvação.” No panfleto Quem São os Mórmons?, o presidente Gordon B. Hinckley escreveu que as inúmeras seitas e religiões “prestam testemunho da insuficiência da Bíblia”.

Os escritores mórmons expressam dúvidas profundas sobre a veracidade da Bíblia por causa de alegadas supressões e erros de tradução. O apóstolo mórmon James E. Talmage, no livro Um Estudo das Regras de Fé, insta: “Leia-se, pois, a Bíblia reverentemente e com cuidado e oração, buscando o leitor a luz do Espírito para poder sempre distinguir entre a verdade e os erros dos homens.” Orson Pratt, um dos primeiros apóstolos do mormonismo, foi ainda mais longe: “Quem garante que um versículo sequer da Bíblia inteira tenha escapado de deturpação?”

Neste respeito, parece que os mórmons não estão a par de todos os fatos. É verdade que o texto bíblico foi copiado e traduzido muitas vezes ao longo dos anos. Todavia, a evidência de que ele, em essência, não foi alterado é esmagadora. Milhares de manuscritos hebraicos e gregos antigos foram escrutinados lado a lado com cópias mais recentes da Bíblia. Por exemplo, o Rolo do Mar Morto de Isaías, datado do segundo século AEC, foi comparado com um manuscrito datado de mais de mil anos depois. Havia sérias adulterações? Ao contrário, certo erudito que analisou os manuscritos declarou que as poucas diferenças encontradas “consistiam principalmente em lapsos óbvios da pena e variações de grafia”.

Depois de uma vida inteira dedicada a estudos intensos, o ex-diretor do Museu Britânico, Sir Frederic Kenyon, atestou: “O cristão pode segurar a Bíblia inteira na mão e dizer sem receio nem hesitação que segura a verdadeira Palavra de Deus, passada sem perda significativa de geração a geração através dos séculos.” De modo que as palavras do salmista ainda são verazes hoje: “As palavras do Senhor são palavras puras: como a prata refinada num forno de barro, purificada sete vezes.” (Salmo 12:6, King James Version) Será que realmente precisamos de mais do que isto?

“Tu, tolo”, censura O Livro de Mórmon, em 2 Nefi 29:6, “dirás: Uma Bíblia, temos uma Bíblia, e não necessitamos mais de Bíblia!” Muitos mórmons, porém, ponderaram nas palavras severas do apóstolo Paulo, na Bíblia, em Gálatas 1:8 (KJ): “Mesmo que nós, ou um anjo do céu, pregássemos qualquer outro evangelho a vós além do que pregamos a vós, que seja amaldiçoado.”

Os eruditos dos Santos dos Últimos Dias explicam que a nova escritura não vai além do que é declarado na Bíblia; é apenas um esclarecimento e uma complementação dela. “Não há divergência entre os dois”, escreve Rex E. Lee, presidente da Universidade Brigham Young. “Tanto a Bíblia como o Livro de Mórmon ensinam o mesmo plano de salvação.” Não divergem mesmo? Considere o plano de salvação do mormonismo.

A igreja de Joseph Smith hoje

Os mórmons acreditam que sua religião é a restauração da verdadeira igreja, com seu sacerdócio e suas ordenanças. Daí o seu nome oficial: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Na Igreja Mórmon não há distinção entre clero e leigos. Em vez disso, a partir dos 12 anos, todo adepto do sexo masculino, digno, pode ajudar a cuidar dos vários deveres da igreja, alcançando o sacerdócio aos 16 anos.

A maioria dos cargos na igreja não são remunerados, e as famílias dos Santos dos Últimos Dias participam nos muitos programas patrocinados pela congregação em sua localidade, ou ala. Em nível congregacional, os élderes, os bispos e os presidentes das estacas (distritos) supervisionam os bem-organizados assuntos da igreja. Um conselho de 12 apóstolos, em Salt Lake City, tem jurisdição mundial. Por fim, o presidente da igreja — reverenciado como profeta, vidente e revelador — e dois conselheiros compõem o corpo que preside a igreja, chamado de Quorum da Presidência, ou Primeira Presidência.

Várias ordenanças afetam a vida dos mórmons devotos. O batismo, que significa arrependimento e obediência, pode ocorrer depois que o crente completa oito anos de idade. O lavamento e a unção o purifica e consagra. A cerimônia do endowment (investidura) no templo envolve uma série de convênios, ou promessas, e uma veste de baixo especial, do templo, a ser usada sempre daí em diante, como proteção contra o mal e como lembrete dos votos de segredo assumidos. Também, um casal de mórmons pode selar seu casamento num templo “pelo tempo e pela eternidade”, para que sua família não seja desfeita no céu, onde o casal pode continuar a ter filhos.

O mormonismo tem ganhado aceitação graças a seu programa social, estabelecido para que “a maldição da ociosidade fosse eliminada”. É financiado pelos adeptos da localidade, que renunciam a duas refeições por mês e doam o valor delas à igreja. Além disso, exige-se que os fiéis paguem o dízimo. A família e os amigos suprem os fundos para sustentar os missionários mórmons, em geral jovens que dedicam cerca de dois anos ao serviço.

Abnegação, famílias unidas e responsabilidade cívica são características da vida dos mórmons. Mas quais são as suas crenças?

O mormonismo: restauração de todas as coisas?

O TEMPLO mórmon de Salt Lake City, Utah, é, para os Santos dos Últimos Dias, um símbolo de sua fé do qual muito se orgulham. Diligência, valores familiares e auto-suficiência financeira são lemas do mormonismo. Os missionários mórmons, com crachás, são uma vista comum ao redor do globo. Mas alguns assuntos internos, sagrados para os mórmons, não são revelados às pessoas de fora da igreja. De modo que a igreja continua a ser alvo de boatos sensacionalistas. Um exame justo, porém, deve basear-se, não em histórias injuriosas e maldosas, mas nos fatos. O que podemos aprender a respeito dessa religião tão difamada?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Anátemas Pronunciados Contra Opositores

Em 325 EC, um concílio de bispos, reunido em Nicéia, na Ásia Menor, formulou um credo que declarava que o Filho de Deus era “Deus verdadeiro” assim como o Pai era “Deus verdadeiro”. Parte desse credo declarava:

“Mas, quanto aos que dizem que Houve [tempo] em que [o Filho] não existia, e que, Antes de nascer, Ele não era, e que Ele veio à existência do nada, ou que afirmam que o Filho de Deus é de diferente hipóstase ou substância, ou que é criado, ou que está sujeito a alteração ou mudança — a estes a Igreja Católica anatematiza.”3

Assim, quem quer que acreditasse que o Filho de Deus e o Pai não eram coeternos, ou que o Filho foi criado, era destinado à perdição eterna. Pode-se imaginar a pressão que tal conceito exercia sobre as massas de crentes comuns para que concordassem com isto.

No ano 381 EC, reuniu-se outro concílio, em Constantinopla, e declarou que o espírito santo devia ser adorado e glorificado como o Pai e o Filho eram. Um ano mais tarde, em 382 EC, outro sínodo reuniu-se em Constantinopla e ratificou a plena divindade do espírito santo.4 Naquele mesmo ano, perante um concílio em Roma, o Papa Dâmaso apresentou uma coletânea de ensinos a serem condenados pela igreja. O documento, chamado de Tomo de Dâmaso, incluía as seguintes declarações:

“Se alguém nega que o Pai é eterno, que o Filho é eterno, e que o Espírito Santo é eterno, este é herege.”

“Se alguém nega que o Filho de Deus é Deus verdadeiro, assim como o Pai é Deus verdadeiro, tendo todo o poder, sabendo todas as coisas, e que é igual ao Pai, este é herege.”

“Se alguém nega que o Espírito Santo . . . é Deus verdadeiro . . . que tem todo o poder e sabe todas as coisas, . . . este é herege.”

“Se alguém nega que as três pessoas, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, são pessoas verdadeiras, iguais, eternas, contendo todas as coisas visíveis e invisíveis, que são onipotentes, . . . este é herege.”

“Se alguém diz que [o Filho que foi] feito carne não estava no céu com o Pai enquanto estava na terra, este é herege.”

“Se alguém, embora diga que o Pai é Deus, e que o Filho é Deus, e que o Espírito Santo é Deus, . . . não diz que eles são um só Deus, . . . este é herege.”5

Os peritos jesuítas, que traduziram do latim o que acabamos de citar, acrescentaram o seguinte comentário: “O Papa S. Celestino I (422-32) aparentemente considerava estes cânones como lei; estes podem ser considerados como definições de fé.”6 E o perito Edmund J. Fortman declara que o tomo representa “sã e sólida doutrina trinitarista”.7

Se você é membro duma igreja que aceita o ensino da Trindade, será que essas declarações definem sua fé? E notou que crer na doutrina da Trindade, conforme ensinada pelas igrejas, requer que acredite que Jesus estava no céu enquanto estava na Terra? Este ensino é similar ao que Atanásio, clérigo do quarto século, declarou em seu livro On the Incarnation (Sobre a Encarnação):

“A Palavra [Jesus] não estava confinada ao Seu corpo, tampouco Sua presença no corpo O impedia de estar presente também em outro lugar. Quando El[e] transferiu seu corpo, El[e] não parou de também dirigir o universo por Sua Mente e poder. . . . El[e] ainda é Fonte de vida para todo o universo, presente em todas as partes dele; no entanto, fora do todo.”8

A Doutrina da Trindade

Quase todas as igrejas da cristandade ensinam que Deus é uma Trindade. The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica) diz que o ensino da Trindade é “a doutrina central da religião cristã”, definindo-o do seguinte modo:

“Na unidade da Divindade, há Três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, estas Três Pessoas sendo realmente distintas uma da outra. Assim, nos dizeres do Credo Atanasiano: ‘o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus; e, não obstante, não são três Deuses, mas um só Deus.’ . . . As Pessoas são coeternas e coiguais: todas são igualmente incriadas e onipotentes.”1

The Baptist Encyclopædia (Enciclopédia Batista) dá uma definição similar. Ela diz:

“[Jesus] é . . . o eterno Deus . . . O Espírito Santo é Deus . . . O Filho e o Espírito Santo são colocados em exata igualdade com o Pai. Se este é Deus, os demais também o são.”2

Ensinava a Primitiva Igreja Que Deus É Uma Trindade? Parte 1 — Ensinavam Jesus e seus discípulos a doutrina da Trindade?

Ensinavam Jesus e seus discípulos a doutrina da Trindade? Ensinavam-na os líderes da igreja dos séculos que seguiram? Como se originou essa doutrina? E por que é importante saber a verdade sobre essa crença? A partir da Parte 1, nesta edição, A Sentinela considerará estas perguntas numa série de artigos. Outros artigos da série serão publicados periodicamente em futuras edições.

AQUELES que aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus reconhecem que têm a responsabilidade de ensinar outros a respeito do Criador. Dão-se conta também de que a substância do que ensinam sobre Deus tem de ser verdadeira.

Deus censurou os “consoladores” de Jó por não fazerem isso. “Deus passou a dizer a Elifaz, o temanita: ‘Minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois companheiros, pois não falastes a verdade a meu respeito assim como fez meu servo Jó.’” — Jó 42:7.

O apóstolo Paulo, ao considerar a ressurreição, disse que seríamos “achados como falsas testemunhas de Deus” se ensinássemos sobre as atividades de Deus algo que não fosse verdadeiro. (1 Coríntios 15:15) Visto ser assim no que concerne à ressurreição, quão cuidadosos precisamos ser ao abordar o ensino a respeito de quem é Deus!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O julgamento de um prelado

Pietro Carnesecchi, nascido em Florença no início do século 16, progrediu rapidamente na carreira eclesiástica na corte do Papa Clemente VII, que o designou seu secretário particular. Contudo, sua carreira foi interrompida abruptamente quando o papa morreu. Mais tarde, ele conheceu nobres e clérigos que, como ele, aceitavam algumas doutrinas ensinadas pela Reforma Protestante. Em resultado disso, ele foi levado a julgamento três vezes. Condenado à morte, foi decapitado e seu corpo, queimado.

Comentaristas descreveram o terrível confinamento de Carnesecchi na prisão. Para quebrar sua resistência, ele foi torturado e deixado sem alimento. Em 21 de setembro de 1567, seu auto-da-fé solene foi realizado em Roma, na presença de quase todos os cardeais. A sentença de Carnesecchi foi lida para ele no cadafalso, diante da multidão. Terminou com as palavras rituais costumeiras e com uma oração aos membros do tribunal civil, para quem o herege seria entregue, no sentido de ‘moderarem a sentença infligida a ele e de não provocarem a morte dele nem derramamento excessivo de sangue’. Que hipocrisia! Os inquisidores queriam eliminar os hereges, mas, ao mesmo tempo, fingiam pedir às autoridades seculares que fossem misericordiosas. Dessa forma, queriam salvar as aparências e tirar a culpa de sangue dos próprios ombros. Depois que a sentença de Carnesecchi foi lida, fizeram que ele vestisse um sambenito, uma roupa de saco amarela pintada com cruzes vermelhas, no caso dos penitentes, ou preta com chamas e demônios, para os impenitentes. A sentença foi executada dez dias depois.

Por que esse ex-secretário do papa foi acusado de heresia? Os autos do processo do seu julgamento, descobertos no fim do século passado, revelam que ele foi considerado culpado de 34 acusações, que correspondem às doutrinas que ele contestava. Entre elas estavam os ensinos do purgatório, do celibato para sacerdotes e freiras, da transubstanciação, da confirmação, da confissão, da proibição de certos alimentos, das indulgências e das orações aos “santos”. A oitava acusação é especialmente interessante. (Veja o quadro na página 21.) Condenando à morte quem aceitava somente a “palavra de Deus conforme expressa nas Escrituras Sagradas” como base para suas crenças, a Inquisição mostrou claramente que a Igreja Católica não considera a Bíblia Sagrada como a única fonte inspirada. Assim, não é de admirar que muitas das doutrinas da Igreja sejam baseadas, não nas Escrituras, mas na tradição da Igreja.

O julgamento e o auto-da-fé

A História demonstra que os inquisidores torturavam os acusados de heresia a fim de extrair confissões. No esforço de diminuir a culpa da Inquisição, comentaristas católicos têm escrito que, naquele tempo, a tortura era comum até nos tribunais seculares. Mas será que isso justifica o uso de tortura por ministros que afirmavam ser representantes de Cristo? Não deveriam eles ter demonstrado a mesma compaixão que Cristo mostrou por seus inimigos? Para encarar esse assunto de modo objetivo, poderíamos refletir sobre a seguinte pergunta: será que Cristo Jesus teria torturado os que não concordassem com os seus ensinos? Jesus disse: “Continuai a amar os vossos inimigos, a fazer o bem aos que vos odeiam.” — Lucas 6:27.

A Inquisição não garantia justiça aos acusados. Na prática, o inquisidor tinha poderes ilimitados. “Suspeitas, acusações e até boatos eram suficientes para o inquisidor intimar uma pessoa a comparecer perante ele.” (Enciclopedia Cattolica) Italo Mereu, historiador jurídico, afirma que foi a própria hierarquia católica que concebeu e adotou o sistema inquisitorial de justiça, abandonando o antigo sistema acusatório fundado pelos romanos. A lei romana exigia que o acusador provasse suas alegações. Se houvesse qualquer dúvida, era melhor absolver do que correr o risco de condenar um inocente. A hierarquia católica substituiu esse princípio fundamental pela idéia de que suspeita pressupõe culpa, e era o acusado quem tinha de demonstrar sua inocência. O nome das testemunhas de acusação (os informantes) era mantido em sigilo, e o advogado de defesa, quando havia um, se arriscava a ser desonrado e a perder seu cargo se defendesse com êxito um suposto herege. Em resultado disso, admite a Enciclopedia Cattolica, “os acusados ficavam virtualmente sem defesa. Tudo que o advogado podia fazer era aconselhar o culpado a confessar”.

O julgamento acabava num auto-da-fé (literalmente: “ato de fé”). O que era isso? Desenhos da época mostram que os infelizes acusados de heresia se tornavam vítimas de um espetáculo horrível. O Dizionario Ecclesiastico define o auto-da-fé como “ato público de reconciliação realizado pelos hereges condenados e arrependidos” depois da leitura de sua condenação.

A condenação e a execução dos hereges eram adiadas de modo que várias delas pudessem ser juntadas num único espetáculo horrendo, duas ou mais vezes por ano. Uma longa procissão de hereges passava diante dos observadores, que participavam de tudo isso com um misto de horror e fascínio sádico. Os condenados tinham de subir num cadafalso no meio de uma praça grande, e suas sentenças eram lidas em voz alta. Os que renegassem, isto é, renunciassem às doutrinas heréticas, eram poupados da excomunhão e sentenciados a várias punições, incluindo prisão perpétua. Os que não renegassem, mas que no último momento se confessassem com um sacerdote, eram entregues às autoridades civis para serem estrangulados, enforcados ou decapitados, e depois queimados. Os impenitentes eram queimados vivos. A execução propriamente dita acontecia em outra ocasião, após outro espetáculo público.

A atividade da Inquisição Romana era mantida em sigilo absoluto. Até hoje, os eruditos não podem consultar seus arquivos. Porém, pesquisas pacientes revelaram vários documentos jurídicos de tribunais romanos. O que eles nos contam?

Julgamento e execução de “hereges”

DO CORRESPONDENTE DE DESPERTAI! NA ITÁLIA

NUM lado da sala sombria do tribunal está a mesa dos juízes, elevada e imponente. Acima do lugar do presidente, no centro, há um dossel de pano escuro e, sobre esse, uma grande cruz de madeira que se destaca no recinto. Diante do presidente, o banco dos réus.

Com freqüência descreviam-se assim os tribunais da sinistra Inquisição Católica. A acusação terrível levantada contra os infelizes acusados era “heresia”, uma palavra que evoca imagens de tortura e execução por queima na estaca. A Inquisição (do verbo latino inquiro, “fazer pesquisas, procurar saber”) era um tribunal eclesiástico especial, instituído para eliminar heresias, ou seja, opiniões ou doutrinas que não concordassem com o ensino católico-romano tradicional.

Fontes católicas declaram que ela foi estabelecida em estágios. O Papa Lúcio III instituiu-a no Concílio de Verona, em 1184, e sua organização e procedimentos foram aperfeiçoados por outros papas, se é que se pode usar a palavra “aperfeiçoar” para essa instituição temível. No século 13, o Papa Gregório IX estabeleceu tribunais inquisitoriais em várias partes da Europa.

A infame Inquisição Espanhola teve início em 1478, com uma bula papal emitida pelo Papa Sisto IV, atendendo à solicitação dos soberanos Fernando e Isabel. Foi estabelecida para combater os marranos, judeus que fingiam se converter ao catolicismo para escapar da perseguição; os mouros, muçulmanos convertidos pela mesma razão; e os hereges espanhóis. Devido ao seu zelo fanático, o primeiro inquisidor-geral da Espanha, Tomás de Torquemada, frade dominicano, passou a personificar os piores aspectos da Inquisição.

Em 1542, o Papa Paulo III instituiu a Inquisição Romana, que tinha jurisdição sobre o inteiro mundo católico. Ele designou um tribunal central de seis cardeais chamado Congregação da Santa Inquisição Romana e Universal, uma assembléia eclesiástica que iniciou “um governo de terror que encheu toda a Roma de medo”. (Dizionario Enciclopedico Italiano) A execução de hereges aterrorizava os países onde a hierarquia católica tinha controle total.