quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Faz Alguma Diferença?

Apesar disso, as igrejas da cristandade prosseguem celebrando o Natal ano após ano. Para elas, não faz diferença de onde tenha vindo o Natal. Tudo que parece importar é que é uma época de diversão que se pensa agora ser cristã. Um sacerdote católico-romano respondeu a uma carta de indagação aos Cavaleiros de Colombo sobre este assunto, da seguinte forma:

“A evolução de certos objetos ou festas usados em alguma forma de adoração pagã não tem importância. Quando a Igreja inicia o trabalho missionário entre novo grupo de pessoas, a Igreja regularmente incorpora o que é bom dentre os costumes e hábitos do povo e reinterpreta-os à luz dos ensinos de Cristo. Se, anteriormente, algo estava associado ao erro, a Igreja reeduca o povo à luz da revelação cristã e dá ao objeto ou costume novo significado para o futuro.”

Aceita essa linha de raciocínio? “Não tem importância” realmente a origem do Natal? Pode um sistema eclesiástico ‘reinterpretar’ algo pagão e destarte torná-lo aceitável a Deus e a Cristo Jesus? O que tem a Bíblia a dizer sobre isto?

Considere o caso dos israelitas a quem Deus livrou da escravidão no Egito e levou à “terra prometida” de Canaã (mais tarde chamada Palestina). Quando no Egito, os israelitas familiarizaram-se com muitos costumes religiosos desse país. Os habitantes de seu novo lar, Canaã, também, praticavam muitas tradições religiosas. E se os judeus adaptassem algumas das práticas religiosas do Egito e de Canaã à adoração do verdadeiro Deus, Adotaria Deus o conceito de que ‘não faz diferença, conquanto essa adoração agora me honre’?

Observe a opinião do próprio Deus sobre este assunto, conforme registrada em Deuteronômio 12:30, 31: “Guarda-te para que não . . . indagues . . . ‘Como foi que estas nações costumavam servir aos seus deuses? E eu, sim, farei o mesmo.’ Não deves fazer assim com , teu Deus.” Talvez recorde o desagrado de Deus com a nação de Israel quando adotaram a prática idólatra egípcia da adoração do bezerro. Embora afirmassem que o bezerro representava a Deus e que era uma “festividade para Deus”, Deus disse a Moisés: “Teu povo . . . tem agido ruinosamente.” — Êxo. 32:4, 5, 7.

No primeiro século da Era Comum surgiu outro problema quanto a costumes religiosos. Tornaram-se cristãos alguns judeus que antes celebravam “as festividades periódicas de Deus” (Páscoa, Pentecostes e a Festa dos Tabernáculos) em que se lhes mandara ‘alegrar-se perante Deus, seu Deus’. (Lev. 23:2, 40) Todavia, os cristãos não perpetuariam nem mesmo tais celebrações. (Gál. 4:9-11) Se as festas que o próprio Deus instituíra seriam agora descontinuadas, por certo os cristãos se afastariam de práticas pagãs!

Data e Costumes do Natal

Os peritos mencionam duas explicações para a data de 25 de dezembro. Uma se deve ao cálculo atribuído a certo Hipólito, do terceiro século E. C. Segundo este cálculo, Jesus morreu em 25 de março e foi concebido trinta e três anos antes na mesma data. Indica-se que nove meses a partir dali levariam a 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus.

A segunda opinião é que 25 de dezembro foi escolhido por ser o dia para a celebração pagã do “nascimento do Sol Invencível”, conhecida como Brumália no Império Romano. Esta seguia-se à festa de uma semana das Saturnais (17-24 de dezembro) na ocasião do solistício do inverno setentrional. Nesta época do ano, o período de luz começa a alongar-se. Os romanos pagãos criam que o deus-sol, Mitras, conquistava a escuridão e a melancolia do inverno. Segundo The New Catholic Encyclopedia, este segundo ponto de vista “permanece sendo a explicação mais plausível para a data do Natal”.

O livro The Story of Christmas fala sobre a data de 25 de dezembro:

“Era; em especial, o maior dia de festa da religião mitraísta que parecia, por algum tempo, rivalizar-se com a fé cristã como a religião estatal do Império Romano. . . . A reverência atribuída pelos mitraístas ao 25 de dezembro certamente exerceu sua influência na decisão das autoridades da Igreja em fixar o aniversário oficial de nosso Salvador em 25 de dezembro.

“Escolher o 25 de dezembro, então, como data oficial da Natividade foi adaptar, ao serviço do cristianismo, uma festa de origens imemorialmente antigas e de observância mundial.”

O Professor A. H. Newman explica que os líderes religiosos católicos acharam apropriado fazer com que “o aniversário do Filho de Deus coincidisse como do sol físico”. Assim, a data do Natal resultou duma transigência com a adoração pagã do sol.

O que dizer dos “costumes alegres” do Natal, como o da árvore brilhantemente iluminada e alegremente decorada, o azevinho, o visco, a acha de Natal e a prática de trocar presentes? São costumes cristãos?

O Professor Edward Lehmann escreve em Encyclopedia of Religion and Ethics de Hastings: “A maior parte dos costumes natalinos que agora prevalecem na Europa, ou foram registrados de tempos antigos, não são genuinamente cristãos, mas são costumes pagãos absorvidos ou tolerados pela Igreja. . . . A festa de Natal herdou estes costumes principalmente de duas fontes — do paganismo romano e do teutônico.” Alguns costumes procedem até da antiga Babilônia.

Aniversário de Jesus Cristo?

Em seu livro The Stop of Christmas (História do Natal), escreve Michael Harrison:

“Primeiro de tudo, seja notado que, apesar dos esforços de inúmeros peritos, não se conseguiu ainda provar em que dia . . . Cristo nasceu.”

A Bíblia silencia quanto à data do nascimento de Jesus. Escritos dos primitivos “pais da igreja” estão divididos quanto ao assunto. Clemente de Alexandria (do segundo e terceiro séculos E. C.) refere-se a alguns que criam que Jesus nasceu em 19 ou 20 de abril. Outros preferiam o dia 20 de maio. Ainda outros apontavam para 1.° de janeiro, 6 de janeiro, 21 de março, 28 de março e muitas outras datas. The Catholic Encyclopedia comenta que “não há um mês do ano a que autoridades respeitáveis não tenham atribuído o nascimento de Cristo”.

Não é isto significativo para o leitor? Não é claro que, se Deus quisesse que as pessoas celebrassem o aniversário de Jesus Cristo, teria registrado a data na Bíblia? Lembrar-se-á de que a Bíblia contém a data da Páscoa e da comemoração da morte de Cristo. (Êxo. 12:6, 14; 1 Cor. 11:23-25; Luc. 22:7-20) Aparentemente, não era da vontade de Deus que alguém celebrasse o nascimento de seu Filho, Jesus. Não é surpresa. portanto, ler em The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge: “Não ‘há evidência histórica de que o aniversário de nosso Senhor fosse celebrado durante os tempos apostólicos ou pós-apostólicos iniciais.”

Mas, as igrejas da cristandade estão determinadas a celebrar o nascimento de Jesus. No ano de 354 E. C., a maioria das igrejas fixou a data para isso em 25 de dezembro. Onde arranjaram essa data?

O Que Está Errado no Natal?

Já observou, porém, que amiúde a felicidade inexiste na época de Natal? Recentemente, um sacerdote católico-romano chamou o Natal de “a época anual da depressão e da neurose”. Um empregado dum grande centro de compras observou: “Você sai na sua hora de folga, e vê pessoas correndo de um lado para o outro, comprando um presente para fulano de tal, e ficam muito rabugentas. As pessoas não dão presentes com alegria.”

O escritor Mike McGrady apontou outros problemas surgidos no Natal: “Esta é a época em que os alcoólicos reformados procuram bares acolhedores e jogam fora seus futuros, a época em que maridos normalmente fiéis começam a notar como a gabardina adere às coxas duma secretária.”

O FBI relata mais assassinatos em dezembro do que em qualquer outro mês. A polícia nas grandes cidades observa mais acidentes de tráfego nesta época.

A psicóloga infantil, Dra. Nancy Hayes, afirma que a época de Natal “é um período da maior taxa de depressão! e suicídio entre as crianças”. Observa que muitos jovens ficam deprimidos quando o Natal não fornece as esperadas “soluções mágicas para os problemas”. Assim, ao passo que o Natal pode ser agradável época para alguns, é muito diferente para outros. Por que isto se dá? O que acontece de errado para tantos no Natal?

O sacerdote católico Peter J. Riga indicou uma causa dos problemas: “Como certo psicólogo disse, os estadunidenses sentem-se obrigados a reafirmar os ideais de bondade, generosidade e amor, no Natal, a fim de expiar sua negligência destes mesmos ideais em suas vidas cotidianas. Ver e sentir que as pessoas voltam à sua ganância e despreocupação comuns pode ser devastador para pessoas solitárias e sensíveis em nossa sociedade.”

Dar presentes no Natal, também, amiúde é incorretamente motivado. Muitos se sentem compelidos a dar nesta época do ano. Talvez até contraiam dívidas para isso. Daí, também, alguns dão presentes natalinos por razões egoístas. Comentou um professor de sociologia:

“Reconhecemos a nossa posição e a quem desejamos estar ligados. O dador não só sente a ansiedade de tentar adivinhar o que o recebedor gostaria de receber, mas também a ansiedade adicional de projetar uma imagem adequada de si mesmo.”

Isto, por certo, privaria a pessoa da alegria da dádiva altruísta.

Por causa disto, alguns pararam por completo de celebrar o Natal. Outros insistem que o Natal é basicamente bom, mas acha-se pervertido pelo materialismo e a falta de auto-restrição. Instam com as pessoas a “restaurar o significado religioso do Natal” como celebração do nascimento de Jesus Cristo. Mas, relaciona-se o Natal com o nascimento de Jesus?