quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pedido de desculpas da Igreja expõe profunda divisão

“CONFESSO perante os presentes e perante o Senhor não só meu pecado e minha culpa . . . mas — vicariamente — também me aventuro a fazer isso em nome da Igreja Reformada Holandesa.” O Professor Willie Jonker, destacado ministro da Igreja Reformada Holandesa, fez tal surpreendente pedido de desculpas perante a conferência nacional de igrejas, em 6 de novembro de 1990, em Rustenburg, África do Sul. E a que pecados se referia Jonker? Às “injustiças políticas, sociais, econômicas e estruturais cometidas” em virtude da política sul-africana do apartheid (segregação racial).
“Sinto-me livre para fazer isso”, prosseguiu o professor, “pois a Igreja Reformada Holandesa declarou em seu recente sínodo que o apartheid é um pecado, e confessou sua própria culpa”. Entretanto, a ampla reação negativa ao pedido de desculpas de Jonker indica que muitos adeptos estão totalmente em desacordo com as declarações de sua Igreja quanto ao apartheid.
O motivo da controvérsia é que a Igreja Reformada Holandesa da África do Sul, cujos membros são na maioria africânderes, há muito tem sido associada com o apartheid.
Todavia, em outubro de 1986 o sínodo da Igreja alterou dramaticamente sua política ao declarar que pessoas de todas as raças podiam tornar-se membros da Igreja, e que a Igreja estivera errada ao tentar usar a Bíblia para justificar a política do apartheid. Ademais, em 1990 o sínodo declarou que a Igreja “devia ter-se distanciado claramente deste ponto de vista há mais tempo”, e que “reconhece e confessa que deixou de fazê-lo”.
O pedido de desculpas de Jonker desencadeou controvérsia, expondo uma profunda divisão de opinião na Igreja quanto ao apartheid. Deveras, a brecha aparentemente divide membros de todos os níveis da Igreja, de leigos a ex-presidentes do sínodo geral. Em resposta ao pedido de desculpas de Jonker, Willie Potgieter, ministro da Igreja Reformada Holandesa, achou ser “falta de sensibilidade fazer tal coisa tão repentinamente”. Afirmou que quase metade de sua congregação ainda encara o apartheid como modelo cristão que pode funcionar.
É compreensível que muitos dos membros da Igreja Reformada Holandesa estejam angustiados com esta desunião. Citando as palavras dum membro descontente que escreveu ao jornal Beeld, de Johannesburg: “É hora de . . . nos ajoelharmos e implorarmos perdão por nossa pecaminosa divisão e por todas as coisas terríveis que dizemos uns sobre os outros.”
Todavia, é improvável que tal acordo ocorra; tampouco é a Igreja Reformada Holandesa a única igreja da África do Sul afligida por tais divisões. As contendas desses chamados cristãos são certamente muito diferentes do amor e da união que Jesus disse que identificariam seus genuínos seguidores. — João 17:20, 21, 26; veja 1 Coríntios 1:10.

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