segunda-feira, 8 de março de 2010

A VERDADEIRA RELIGIÃO - COMO É IDENTIFICADA

“Que fiqueis cheios do conhecimento exato da sua vontade, . . . com o fim de lhe agradardes plenamente.” — Col. 1:9, 10.

SE DUAS pessoas estivessem discutindo qual é a verdadeira religião e lhe pedissem que fosse o ‘juiz’, para decidir quem tinha razão, gostaria de sê-lo?

2 Poucos assuntos são tão controvertidos como a religião. A história provê um exemplo notório, que envolve um dos primitivos líderes do cristianismo, o apóstolo Paulo. Depois de haver quase um distúrbio, por causa de conceitos religiosos divergentes, Paulo foi preso. Seu caso foi tratado por Festo, governador da província romana da Judéia. Os acusadores de Paulo eram os líderes religiosos judaicos, inclusive o sumo sacerdote Ananias. Festo relatou mais tarde ao Rei Herodes Agripa II o que havia acontecido:

3 “Tendo comparecido os acusadores [de Paulo], não apresentaram a seu respeito nenhuma acusação dos crimes que eu esperava; só tinham contra ele certas questões acerca da sua religião.” — Atos 25:18, 19, Pontifício Instituto Bíblico.

4 Conforme pode reconhecer, o Governador Festo relutava em envolver-se numa disputa religiosa. Muitos acham que não é sábio afirmar ter a verdadeira religião ou tentar decidir se há uma religião verdadeira. Deve ter ouvido o conceito aparentemente sábio e liberal: ‘Deixe que cada um creia o que bem entende. Todas as religiões são boas.’

5 Não obstante, todos nós estamos definitivamente envolvidos nisso — não é um assunto que pessoalmente possamos evitar. Apesar da crescente ênfase na ciência, e no ateísmo, no mundo comunista, a religião faz parte de nossa constituição íntima. Conforme o expressa certa enciclopédia:

“Dentre toda a família do homem, existente em todas as eras e espalhada por todo canto do globo, não existe nenhuma bem autenticada exceção ao fato de que o homem, movido por um impulso íntimo, e orientado por Revelação ou por tradição, adora algo que ele crê dotado dos atributos dum ser superior.”

6 A obra Religião e Filosofia (em inglês) diz sobre a religião no passado distante: “A origem do mundo e o lugar do homem nele eram tão enigmáticos como a morte. As explicações destas questões variam enormemente, mas ainda são básicas na religião moderna. Embora a ciência possa explicar a maioria dos fenômenos da atualidade, os homens, em toda a parte, ainda procuram uma esperança mais além das poucas décadas da existência individual.”

7 Certamente, no que se refere às respostas a essas questões fundamentais e à esperança quanto ao futuro, não queremos basear-nos numa ilusão ou num mito. Portanto, temos amplo motivo para investigar este assunto da identificação da verdadeira religião.

8 O ateu tem o conceito de que não há Deus, ao passo que o agnóstico diz que ninguém realmente sabe algo sobre isso — que simplesmente existimos. Mas, será que tais conceitos realmente satisfazem ou se harmonizam com os fatos? Alguns adotam a idéia expressa pelo filósofo-historiador Will Durant, de quem se noticiou que disse:

“Sinto o impulso do criador em todas as coisas vivas e suspeito que haja algo parecido até mesmo no átomo, em todos os seus elétrons explosivos. O átomo não é uma coisa morta. É algo latejante . . . com vida. E, conseqüentemente, não posso imaginar o universo como máquina. A máquina não lateja com vida. Ela fica perfeitamente imóvel, a menos que se apodere dela algo latejante com vida.”

Muitos, até mesmo alguns agnósticos, têm lutado com tais idéias na busca da resposta para a vida, e têm argumentado que esta inteligência superior, este Criador, logicamente poderia prover respostas ou informações sobre a sua criação, assim como nós humanos provemos para os nossos próprios filhos.

A BUSCA DA VERDADEIRA RELIGIÃO

9 Os que sinceramente buscam a verdade, em geral, reconhecem que deve haver um Deus, e que é razoável supor-se que ele revelaria a sua vontade e fornecesse resposta sobre por que existimos, qual o significado da vida e o que o futuro nos oferece. Tome o caso dum homem persa em Berlim Ocidental. Tempos passados, seu pai fora político influente, mas, após um revés político, ele levou sua família para a Rússia, onde o filho estudou e se tornou engenheiro. Com o tempo, o jovem mudou-se para Berlim Oriental e, mais tarde, procurou asilo em Berlim Ocidental. Ele explica:

“Embora eu pertencesse a uma religião oriental, não havia sido ativo na religião. Ainda assim, desde a infância, eu cria em Deus, e muitas vezes meditava no objetivo da vida e no motivo de haver tantas religiões. No verão de 1975, encontrei-me com dois estudantes da Bíblia e conversei com eles sobre esses assuntos. À base da explicação deles, pude concluir que a Bíblia foi inspirada por Deus. Eles me visitavam no meu lar e ficamos envolvidos em discussões sobre as diferenças nas religiões. Deixaram comigo o livro Que Tem Feito a Religião Pela Humanidade?. As explicações contidas nele, baseadas na Bíblia, mudaram todo o meu conceito sobre a vida. O que aprendi, e as mudanças que isso efetuou no meu modo de pensar e de agir, trouxeram-me grande alegria.”

Quão razoável foi que este engenheiro desse consideração à Bíblia! A Bíblia inclui os escritos sagrados mais antigos e mais amplamente divulgados de todos. Só ela fornece as respostas necessárias às perguntas: Por que existimos? Por que morremos? O que nos oferece o futuro?

10 Ao mencionarmos a Bíblia, será que sua reação é: ‘Bem, a maioria dos que aceitam a Bíblia crêem fundamentalmente na mesma coisa’? Muitos pensam que sim. Mas, isso definitivamente não é verdade. Assim como se deu com aquele engenheiro em Berlim Ocidental, milhões de outros sinceros e inteligentes, que examinaram esta questão vital da verdadeira adoração, sabem que existe uma enorme diferença entre os ensinos e as práticas das diversas religiões que afirmam basear-se na Bíblia. E, francamente, há também enormes diferenças entre a maioria dessas religiões e a própria Bíblia. Estas diferenças podem envolver toda a sua maneira de encarar a vida e a religião. Ao examinarmos alguns pontos básicos e vitais, analise sua própria religião ou suas crenças. Pergunte-se: ‘Será que eu mesmo estou procurando a verdadeira religião?’ E quando observa que suas crenças ou práticas, de algum modo, diferem da verdadeira religião, pense seriamente no que vai fazer.

11 A possível necessidade de ajustarmos nossas crenças ou nossa conduta não devia surpreender a ninguém que conhece a Bíblia. Por exemplo, Jesus Cristo disse a respeito de algumas pessoas muito religiosas, nos seus dias: ‘O culto deles é em vão, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.’ (Mat. 15:9, PIB) Nem se trata apenas duma questão de doutrina. Tiago, meio-irmão de Jesus, escreveu: “A fé sem as [boas] obras é morta”, e: “Se alguém imagina ser homem religioso e não refreia sua língua, ilude seu próprio coração e sua religião é vã.” — Tia. 2:26; 1:26, Liga de Estudos Bíblicos, católica.

NARRATIVA BÁSICA

12 Considerando-se o assunto da verdadeira religião, muitos talvez pensem logo no que Jesus ensinou e fez. Mas, antes de examinarmos isso, precisamos dar alguma atenção ao primeiro livro da Bíblia, Gênesis. As pessoas, em toda a terra, conhecem o que diz sobre Adão e Eva. Embora a narrativa pareça simples, é um ponto básico na pesquisa dos sinais identificadores da verdadeira religião.

13 Resumidamente, Gênesis relata que Deus criou o homem diretamente, formando-o dos elementos da terra e passando “a soprar nas suas narinas o fôlego de vida, e o homem veio a ser uma alma vivente”. (Gên. 2:7) O Criador designou uma das árvores do jardim, em que Adão vivia, como representativa do conhecimento do que é bom e do que é mau, ordenando: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gên. 2:16, 17) Deus indicou assim que tinha o direito de decidir o que era bom e o que era mau. Não se deixou entregue a Adão descobrir por um penoso processo de experiência e erro saber o que era bom e o que era mau, ou qual era a religião certa e qual a errada. O Criador fez também uma mulher, Eva, e apresentou-a a Adão como cônjuge permanente. Lemos: “Por isso é que o homem deixará seu pai e sua mãe, e tem de se apegar à sua esposa, e eles têm de tornar-se uma só carne.” (Gên. 2:24) Ora, na nossa busca para identificar a verdadeira religião, podemos aprender muito desta bem conhecida narrativa.

14 Primeiro, a Bíblia diz claramente que o homem foi criado diretamente por Deus. (Gên. 2:7) Não diz que ele evoluiu, durante milhões de anos, de alguma forma de vida animal. Como sabemos isso? Porque o registro diz inequivocamente que os animais haviam de reproduzir-se “segundo a sua espécie”. (Gên. 1:21, 24) É verdade que tem margem para haver variedade dentro da espécie animal, tal como os muitos tipos e tamanhos na família dos felinos. Mas a lei de Deus determinou um limite, de modo que os animais não podiam evoluir de uma espécie para outra espécie animal nem para se tornar humanos, a espécie mais elevada criada na terra. Além disso, nunca jamais foram encontradas formas intermediárias de vida. Aceita sua religião a narrativa bíblica ou acompanha ela a teoria popular, mas não provada, da evolução?

15 A seguir, podemos notar que Adão foi criado com a perspectiva da vida infindável aqui na terra. Deus disse que ele morreria se desobedecesse. O inverso é óbvio. Se obedecesse a Deus, não morreria. Continuaria vivo na terra. Como quê? Como alma humana. Não acabamos de ler que “o homem veio a ser uma alma vivente”? — Gên. 2:7.

16 Estes fatos são significativos, porque são muitas as religiões que afirmam que cada humano tem dentro de si uma alma imortal. Este foi um ensino destacado no Egito e na Babilônia da antiguidade, e ainda é encontrado em muitas religiões. Mas, será que concorda com o que Gênesis diz sobre Adão? De modo algum. Adão não tinha dentro de si uma alma imortal — ele era uma alma. E o que aconteceria na morte? Receberia vida imortal como espírito? Não! Deus disse que voltaria ao solo, “porque tu és pó e ao pó voltarás”. (Gên. 3:19) A morte de Adão seria a punição pela violação da lei de Deus, não um passo em direção à vida imortal em outra parte.

17 Pergunte-se: ‘É isso o que a minha religião me ensinou?’ A Bíblia, em parte alguma, ensina que os humanos tenham alma imortal, que sobreviva à morte do corpo. Isso oferece uma esperança melhor, a saber, que Deus é capaz de fazer a pessoa voltar à vida como alma, ressuscitando-a para viver na terra ou no domínio espiritual. — Atos 24:15; 1 Cor. 15:35-38.

18 Em vista do que lemos em Gênesis, será que sua religião afirma que Deus tinha o propósito de que os humanos vivessem infindavelmente na terra? Muitas das grandes religiões concentram a atenção na vida no porvir no céu, no nirvana ou em algo parecido. Um sinal da verdadeira religião é a aceitação do ensino bíblico de que a terra é o lar do homem, sendo do propósito de Deus que os humanos vivam perpetuamente. — Isa. 45:18.

TAMBÉM ESTÁ ENVOLVIDA A CONDUTA

19 Devemos observar também que a verdadeira religião, conforme revelada em Gênesis, envolve a conduta, e não apenas certas doutrinas ou crenças.

20 Quando Adão e Eva violaram a lei de Deus quanto ao fruto daquela árvore, o aspecto mais sério do pecado era sua desobediência. Mas, será que já considerou que, ao mesmo tempo, eles se apoderaram de alguma coisa que não lhes pertencia? Em certo sentido, isso poderia ser classificado como furto. Pela sua desobediência, pelo seu pecado, que incluiu furto, foram expulsos do jardim da verdadeira adoração. Conforme provavelmente sabe, a maioria das religiões expressa-se contra o furto, não é verdade? Mas, na prática, o que fazem no caso dum ladrão impenitente, quer furte em lojas, quer o criminoso seja algum funcionário que defrauda o público ou comete um desfalque nos negócios? Será que elas expulsam os ladrões persistentes do ‘rebanho’, assim como Deus fez com Adão? Pense nisso.

21 Considere também o assunto do casamento. Embora até este ponto de nosso exame tenhamos considerado apenas a narrativa de Adão e Eva, em vista do que se disse a respeito de ficarem unidos, podemos muito bem perguntar a nós mesmos: Qual é a atitude da minha religião para com o casamento e o divórcio? Espera-se que marido e mulher permaneçam unidos, ou é o divórcio algo comum e casual? Deus é descrito como ‘odiando o divórcio’. (Mal. 2:16) É este o conceito prevalecente nas religiões que conhece ou talvez até mesmo na religião de que é membro?

A EXPERIÊNCIA DE NOÉ COM A VERDADEIRA RELIGIÃO

22 Passemos agora para outra narrativa bíblica, para ajudar-nos a identificar a verdadeira religião. Ela se refere a Noé, sobre quem se nos diz que “andou com o verdadeiro Deus”. Numa época em que “a maldade do homem era abundante na terra e . . . toda inclinação dos pensamentos do seu coração era só má, todo o tempo”, Noé não guardava a verdadeira religião para si mesmo. Não a encarava como assunto pessoal e privativo. Ele era “pregador da justiça”. A Bíblia nos diz que Deus trouxe um dilúvio global para destruir os iníquos, mas preservou a Noé, a esposa e os três filhos dele, e as esposas destes. — Gên. 6:5 a 8:2; 2 Ped. 2:5.

23 Alguns talvez retruquem que a narrativa sobre Noé e o dilúvio é apenas uma fábula ou alegoria. Qual é a atitude de sua religião neste respeito? Se perguntar a um dos líderes dela, dirá ele que o relato bíblico sobre Noé e o dilúvio é interessante, mas não deve ser tomado literalmente? Neste caso, isso seria significativo, porque o colocaria em oposição a Jesus Cristo, o Fundador do cristianismo. Jesus aceitou a narrativa bíblica sobre Noé e o dilúvio global como fato histórico, e assim também o fizeram seus apóstolos. — Luc. 17:26, 27; 1 Ped. 3:20.

24 De acordo com o registro em Gênesis, capítulo 9, quando Noé e sua família emergiram da arca, na qual haviam sobrevivido ao dilúvio, Deus deu algumas ordens claras, que nos ajudam hoje a identificar a verdadeira religião. Lemos:

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer. E, além disso, exigirei de volta vosso sangue das vossas almas. . . . Quem derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue, pois à imagem de Deus fez ele o homem.” — Gen. 9:3-6.

25 Embora Deus fizesse esta declaração há milênios, foi feita no início de um novo capítulo da história humana. Isto salienta que é importante em determinar qual é a verdadeira religião. Noé, por meio de seus filhos, tornou-se antepassado de toda a humanidade. Portanto, o que Deus ordenou a Noé logicamente aplica-se a todos os homens hoje na terra.

26 O que significavam essas ordens para Noé e sua família? Em primeiro lugar, eles não deviam comer carne que ainda contivesse o sangue. Consumir sangue, que representava a vida do animal como alma, era proibido. Também, mandou-se a Noé que não assassinasse nenhum humano. De modo que se exige de toda a humanidade, como descendente de Noé, que mostre o devido respeito pelo sangue e pela vida, se ela há de ter a aprovação de Deus.

27 Embora tenhamos considerado até agora apenas duas das primitivas narrativas da Bíblia, pudemos destacar alguns sinais identificadores da verdadeira religião. Visto que todos nós temos no íntimo o desejo de adorar, aquilo que examinamos até agora deve ser de grande utilidade para nós. Mas, podemos ser ajudados adicionalmente na identificação da verdadeira religião por considerarmos, a seguir, alguns aspectos dos ensinos de Jesus Cristo e de seus apóstolos, no começo do cristianismo. Fazendo isso, veremos a coerência entre o começo da Bíblia e suas partes posteriores, como sinais identificadores da verdadeira religião.

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